quarta-feira, 11 de maio de 2011

DA CRIAÇÃO

O criador se se deixar enredar demasiado pelo objecto do seu estudo, seja através da idolatração, seja através da repulsa, tornar-se-á um fiel reprodutor de um conjunto de ideias pré-existentes e será incapaz de produzir conhecimento novo: quanto muito interpreta o que foi pré-criado de uma forma nova, tornar-se-á um especialista em algo já existente e poderá ascender aos mais altos vôos académicos calcando bem e de forma segura os pés no edifício intelectual de terceiros. Sucesso garantido! Já o criador deverá, ao contrário do que à primeira vista pudesse parecer mais aconselhável, de forma egoísta e - quiçá - pouco saudável, aproveitar a cada instante tudo o que estuda e aprende, roubando aqui e ali, pilhando acolá, sempre com o intuito de alicerçar o seu próprio edifício intelectual, de servir-se do que existe para servir a sua própria vontade: pensar pelas suas próprias palavras, mais importante: pelos seus próprios conceitos. É fora das escolas, livre de grilhos, que a ponderação, por vezes intuitiva e pouco respeitosa para com o passado, sobre o conhecimento estudado poderá servir o seu próprio sentir. E do seu sentir advirá um novo pensar.

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