quarta-feira, 13 de abril de 2011

DÚVIDA

E se Deus for apenas a entidade mais solitária delas todas, una e única portanto, e, num ensejo de esquizofrénica ansiedade, se dividir numa multiplicidade infinita de ilusórias identidades - desde a mais ínfima bactéria até ao mais complexo humanóide - que, confrontando-se como que num bailado universal, não servem para mais nada além do que apaziguar a divina solitude? E se a solidão que nos assola a todos não for mais do que o eco da solidão suprema primordial? E se este vazio que sentimos não for nada mais além do que a evidência de que não existimos de facto mas, sim, que somos apenas o resultado de uma imaginação fértil, como que a de um louco encerrado e selado num solitário hospício vazio e abandonado, para quem nada mais sobra além das personagens imaginárias que resultam das suas insanas maquinações, as únicas coisas com que se entretém enquanto aguenta o crivo da cruel passagem do tempo?

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