terça-feira, 23 de março de 2010

LIXO POLÍTICO



“É primeira vez que na história da democracia um grupo parlamentar ousa chamar um primeiro ministro a uma comissão parlamentar de inquérito”, criticou o deputado do PS Ricardo Rodrigues, acusando o PSD de usar a comissão de inquérito para fazer “chicana política”.
Aqui.
Ousa? Ousa?? Mas em que país é estamos? Numa ditadura onde o PM não tem de prestar contas a ninguém? A estupidez da afirmação é ultrajante. Eu ouso apelidar este fantoche de idiota que não faz a mais pequena ideia do que uma Democracia é. E chamo-lhe pior: um perigoso, muito perigoso demagogo. Oco, vazio e manipulador onde a ausência de significado, de espessura ou de raciocínio supra-binário é um claro sinal da pobreza constrangedora desta "situação" atávica socialista. Mas é melhor ficar-me pelo "idiota" pois qualquer coisa acima disso deve impedir a compreensão da ofensa por parte do referido idiota. Coitado dele e de nós que temos de o aturar.

ANSIEDADE

"Um em cada cinco portugueses sofre de perturbações psiquiátricas, constata o primeiro estudo que faz o retrato da saúde mental em Portugal. Em comparação com dados de outros seis países europeus Portugal é o que tem a prevalência mais alta, com números que se aproximam dos Estados Unidos, "o país com maior prevalência de perturbações de psiquiátricas no mundo", disse hoje o coordenador nacional de Saúde Mental, Caldas de Almeida."
Aqui
Porque será?

TESTEMUNHO CREDÍVEL

"Não tenho nenhum conhecimento sobre essa matéria [alegado plano do Governo para controlar a comunicação social]", afirmou João Marcelino aos deputados da comissão de Ética, Sociedade e Cultura da Assembleia da República."
Aqui
Não era este que era citado nas escutas do Face Oculta como tendo assegurado a Joaquim Oliveira, seu patrão, que na redacção do DN não havia problemas em relação ao negócio TVI\PT?
Haja paciência para aturar estes fantoches.

FASCIZANDO

"O casal de escoceses Alan e Fiona Hay está proibido pelas autoridades locais de fazer sexo durante a noite, informa o «The Sun». Segundo o jornal, a proibição deverá ser acatada entre as 22 horas da noite e 7 horas da manhã, tudo por causa do barulho.

Oficiais do conselho local foram até a residência dos Hay em Penicuik, na Escócia, e deram conta da reclamação dos vizinhos, nomeadamente , de um menino que afirmou não conseguir dormir com os gemidos de mulher.
O rapaz terá contado a história na sala de aula e a professora contou o caso na cidade. A polémica instalou-se, com Alan a defender-se das acusações: «As nossas sessões de sexo duram cinco a seis minutos. Isto não faz sentido, nós não gritamos», argumentou Alan, que tem asma e sofre de epilepsia.
«Estou furiosa. Não faz sentido um homem e uma mulher serem proibidos de fazer sexo. Fazer amor e assistir televisão são nossos únicos luxos», disse indignada Fiona ao jornal «The Sun»."
Apanhado aqui.

segunda-feira, 22 de março de 2010

DA PORTUGALIDADE


Se me pedissem para definir o sentimento Português, em particular Lisboa, em apenas três minutos eu pensaria que tal coisa seria verdadeiramente impossível. Mas não é. Passeio com Johnny Guitar não só o consegue fazer como (talvez por essa mesma razão) vai directamente para o topo das melhores curtas metragem; de Portugal e do mundo. Uma delícia absolutamente genial de João César Monteiro. Reverência.

domingo, 21 de março de 2010

DO IMPÉRIO



«Apesar de termos alterado quase metade da equipa em relação ao último jogo, todos os jogadores mostraram uma capacidade enorme, o que justifica a qualidade da equipa. Tinha jogadores no limite como o Javi García e do Cardozo que, após o jogo com o Marselha, deram indicações de fadiga muscular. Era um risco e podíamos ficar sem eles para o jogo com o Sp. Braga. Montámos uma estratégia com aqueles que eu achei que estavam melhor no momento. Felizmente fomos compensados, não só pelo resultado, mas também porque demos tempo de jogo a outros jogadores que demonstraram que podemos contar com eles.»
Jorge Jesus

JOSÉ SÓCRATES: PEC DEVE SER ASSUMIDO PELO "PAÍS"



sábado, 20 de março de 2010

DO IMPÉRIO



"Benfica a fait un gros match et nous a montré que c'est une grande équipe, complète dans toutes les lignes, et qui nous a posé d'énormes problèmes. C'est Benfica qui nous a obligés à jouer bas avec une excellente maitrise, en partant de derrière."
Didier Deschamps

DOS 10% DE DÍVIDA AOS 117% (ou como...

...O PS enterrou Portugal, por Henrique Raposo)

UM RETRATO DE PORTUGAL (II)

Uma nadadora salvadora que não sabe nadar. Aqui.

UM RETRATO DE PORTUGAL

"Também encontram diferenças entre os doentes. Aline explica: "O brasileiro preocupa-se mais com a saúde oral, mesmo quem não tem condições. O português vem resolver problemas pontuais. Estoirou um abcesso, toma um antibiótico, o abcesso vai embora, já não volta. E a primeira coisa que perguntam é o preço!"
Um artigo muito interessante sobre os médicos estrangeiros que trabalham no nosso país e as diferenças que encontram entre os sistemas, os meios e as pessoas. Aqui, no DN.

quarta-feira, 17 de março de 2010

DESDENTADA

Um dia houve onde uma desdentada como tu,
me sorriu e me disse olá.
Não foi pouco pois tal sorriso me pôs a nu.
Atrás de ti, desdentada, eu fui,
mas tu, desdentada, fugiste de mim.
Sem avisar.

Voltaste e lá fui eu outra vez atrás de ti;
estavas longe, não foi fácil,
e passado um tempo parece que nem te conheci.
E atrás de ti, desdentada eu fui,
mas tu, desdentada, fugiste de mim.
Outra vez.

Agora vens tu, desdentada;
com o teu sorriso desdentado;
a chamar por um sim.
Eu vou, desdentada, eu vou,
mas não fujas tu, desdentada, outra vez de mim.

segunda-feira, 15 de março de 2010

A CONSPIRAÇÃO CONTINUA








Existem umas dúvidas sobre a legalidade de umas obras feitas por Sócrates. Claro, para complicar o que se calhar até poderia ser simples, os papeis que ofereceriam plenas explicações "desapareceram" da Câmara Municipal de Lisboa. Não sei se as obras foram licenciadas ou, não o tendo sido, se foram ilegais tal como não sei se Sócrates, ele próprio, é licenciado ou não. Também nada sei das casinhas, do Freeport, da Cova da Beira, do Face Oculta. Aquilo que sei é que, e isto é factual, por onde quer que ande metido o nosso PM, lá consegue arranjar confusão. Deve atraí-la. Coitado.

PALAVRAS PARA QUÊ?

"A ministra da Educação, Isabel Alçada, foi ontem surpreendida durante a visita à Escola D. Manuel I, em Beja, com uma situação inesperada: o pavilhão polivalente coberto, acabado de construir - ao abrigo do projecto de requalificação do edifício escolar -, deixa entrar água a ponto de interditar o espaço às aulas de Educação Física". Aqui.
Chove dentro de um pavilhão recentemente construído. A culpa, claro é do clima. Mas de quem mais poderia ser? A culpa da pobreza, do desespero e da emergência nacional é da crise internacional; a culpa dos casos sobre o Primeiro Ministro é de uma conspiração judicial; a culpa dos despachos judiciais não sairem a tempo e horas é do tempo que demora a dactilografá-los; a culpa de sermos como somo será também, certamente, dos nossos pais. A culpa é deles. Deles. Sempre deles. Como as crianças que lambuzadas de chocolate dizem que foi o primo ou o irmão que foi ao pote. Teria piada se não fosse um bom exemplo da estupidificação generalizada da democracia actual.

CONGRESSO DO PSD (VI)








Para finalizar, a propósito dos equilíbrios de forças nas eleições para Presidente do PSD. Parece-me que também aí sai Rangel mais forte do que entrou e Passos como entrou. Com o eclipsar de Aguiar-Branco alguns indecisos entre ele e Rangel deverão mudar para o lado de Rangel que se posiciona, agora sem dúvidas, como o  principal adversário de Passos Coelho. Depois conseguiu dois apoios importantes: Madeira e Presidente da JSD; estão aqui milhares de votos. Por fim deve ter agarrado alguns soltos que seguiram o congresso com atenção e que se terão empolgado com a sua garra. Se isto é suficiente para a ganhar não sei mas ainda faltam quinze dias, tudo pode acontecer. No final fica um partido mais vivo e, começando-se a cheirar a poder, parece que quer ganhe Passos, quer ganhe Rangel, quem ganhar virá para ficar.

CONGRESSO DO PSD (V)








Borrou o partido a pintura com a chamada "lei da rolha". É uma pena. Um congresso "à antiga", uma mais valia grande para, no final, se aprovar uma patetice de todo o tamanho. Claro que o PS e os comentadores do regime vão logo para o estalinismo, superficialidades habituais neste espaço público depauperado. A questão aqui é apenas uma e eu percebo perfeitamente qual o mote - o objectivo - da norma: é evidente que o dever de solidariedade dos militantes para com o partido é fundamental, principalmente em altura de eleições. No entanto, e este é o problema, não há como definir uma fronteira entre o que consiste uma deliberada má-intenção com intuito de benefícios particulares e aquilo que será o livre pensar - expressar a que todos temos direito. Esta norma mostra, mais do que qualquer outra coisa, um dos grandes problemas do nosso país: porque não se confia na existência do bom senso, tenta-se legislar tudo e mais umas botas; privilegia-se a forma em detrimento de uma análise qualitativa do conteúdo. No final acabamos com leis, leis e mais leis que, como tudo na vida, podem ser usadas para o bem (que o espírito do legislador pretendia) ou para o mal; neste caso o abuso desta norma pode ser particularmente grave. Enfim, como disse, foi pena.

CONGRESSO DO PSD (IV)








Paulo Rangel. Entrou com uma grande pressão sobre ele. Corressem-lhe mal as intervenções e não teria, provavelmente, hipóteses de chegar à liderança. No entanto, foi o oposto. Fez duas grandes intervenções onde, começando nervoso (e assumindo-o) mostrou-se humano e "real" permitindo uma ligação com a audiência. Mostrou um rumo, deu algumas ideias concretas e empolgou. Empolgou mesmo. Sentiu a necessidade de, fruto de uma ligação recente ao partido, ir buscar Sá-Carneiro mas fê-lo da melhor forma e a mote de Marcelo e Aguiar-Branco conseguiu juntar a absoluta necessidade mudança em Portugal com a reeleição de Cavaco e o sonho antigo de "um Governo, uma maioria e um Presidente". Tem tomates o homem. E o PSD tem tendência para gostar disso. Além disso disse o que é preciso dizer: este país dos interesses, dos negócios obscuros, das dependências tem de ser limpo. E isto mais nenhum candidato disse.

CONGRESSO DO PSD (III)












Aguiar Branco. Entrou com a força de uns debates bem sucedidos mas mostrou, apesar do artificial engrossamento da voz (que no segundo dia até ficou rouca), que tem pouco de líder. Falta-lhe o carisma, a força e a oratória. Falta-lhe também um mote mais definido do que o simples "unir" que tem muito pouco valor quando não se diz em nome de quê. É simpático, sério e tem tudo para no final deste processo eleitoral ficar como uma reserva de qualidade do PSD (numa 2ª linha). Sai do congresso afastado da liderança do partido mas com um clamor silencioso para que se mantenha na liderança do grupo parlamentar.

CONGRESSO DO PSD (II)










Passos Coelho entrou como "líder" da corrida e tentou dar pose de estado como, aliás, sempre o tenta fazer. Esteve bem nas entrevistas que deu, mostrou-se seguro e à vontade mas as intervenções correram-lhe mal. Na primeira perdeu demasiado tempo a justificar aquilo que não vale a pena justificar demonstrando demasiada fraqueza, falou apenas para o partido e falhou na tentativa de ser engraçado.          Mostrou que estava habituado a congressos, que se movia com à vontade mas foi tanta a vontade de o mostrar que acabou por não mostrar aquilo que se lhe exigiria: que pode ser PM. Na segunda intervenção perdeu-se outra vez, apontou duas ou três medidas avulsas, agarrou a questão do PEC mas não mostrou a garra e - ou um rumo definido que arrebatasse o congresso. No final sai como entrou, com uma parte significativa do aparelho mas, parece-me, que muito atrás no voto livre e, por essa razão, incontrolável de umas directas que sabemos exigirem mais do que apenas o aparelho para se poder ser o vencedor.

CONGRESSO DO PSD


Algumas notas haverá a deixar sobre o congresso do PSD. A primeira é que, de facto, vale a pena ter congressos antes das eleições. O partido une-se, partilha, dá mostras de vivacidade e mostra-se ao país. Tudo isso é positivo. Aquilo que não percebo porque se fala de eleições directas durante o congresso (algo que é pouco exequível) e não se fala de simplesmente se reeditar aquilo que se passou este fim de semana: Congresso, candidaturas apresentadas até uma semana depois, directas uma semana depois do prazo das listas. Assim, temos campanha mediática, congressos "à antiga" e directas exequíveis. Na semana a seguir às directas (ou após a 2ª volta), o mesmo congresso reúne novamente para aprovar os órgãos nacionais e para a cerimónia de encerramento. Não vejo qual o problema e  o que se passou neste fim de semana mostra que seria interessante.

UM FEDOR INSUPORTÁVEL

é o que estes sinistros dirigentes do Partido Socialista e do Governo deixam na Democracia Portuguesa. A sério, eu defendo a presunção de inocência, mas caso após caso, escuta após escuta, carta após carta, os "casos" do PM não só não se explicam como, pelo contrário, se adensam e multiplicam. Quando dirão os Portugueses basta?

sexta-feira, 12 de março de 2010

DISTRACÇÃO

Concentrar-me-ia muito mais facilmente no trabalho que tenho pela frente se, na biblioteca, no lugar precisamente oposto ao meu, de frente para mim, estivesse uma mulher islâmica de Shador ou, preferencialmente, até mesmo de Burka envergada ao invés do avultado decote holandês que insiste em penetrar, contra a minha vontade, o meu campo de visão. Há momentos, definitivamente, onde à filosofia política lhe falta alguma arte de sedução.

THE ROAD NOT TAKEN









"Two roads diverged in a yellow wood,

And sorry I could not travel both
And be one traveler, long I stood
And looked down one as far as I could
To where it bent in the undergrowth;

Then took the other, as just as fair
And having perhaps the better claim,
Because it was grassy and wanted wear;
Though as for that, the passing there
Had worn them really about the same,

And both that morning equally lay
In leaves no step had trodden black
Oh, I kept the first for another day!
Yet knowing how way leads on to way,
I doubted if I should ever come back.

I shall be telling this with a sigh
Somewhere ages and ages hence:
Two roads diverged in a wood, and I —
I took the one less traveled by,
And that has made all the difference."


Robert Frost, 1916

quarta-feira, 10 de março de 2010

BULLYING

[Frasier Carane is a phychiatrist that gives advices on the radio]
Frasier: Hello, Ethan. I'm listening.
Ethan: Hi, Dr. Crane.
Frasier: How old are you?
Ethan: I'm thirteen.
Frasier: Well, what can I do for you?
Ethan: Well, I'm having a lot of problems with the other kids at school. They're always beating me up.
Frasier: Why do you think that's so?
Ethan: Probably because I'm smart. I have a 160 IQ. I'm in the astronomy club and I hate sports.
Frasier: Well, you know, Ethan, the other children are just acting out of jealousy and immaturity, and I know it doesn't help much right now, but the day will come in the next few years when you will have the last laugh.
Ethan: ...That's it?
Frasier: [surprised] Yes.
Ethan: Frankly, Dr. Crane, I find that advice patronizing, simplistic and, in all candor, uninspired. The real surprise here is that they pay you to dole out this balloon juice.
Frasier: Ethan, where are you calling from?
Ethan: Home.
Frasier: Well, if any of Ethan's classmates are listening, you know where he is, and he can't stay in there forever. Thank you for your call

SOBRE O RIDÍCULO



"O novo governador do Tibete, Padma Choling, advertiu o Dalai Lama que "não pode" interferir no processo da sua reencarnação, abrindo assim caminho à futura entronização de um líder religioso tibetano aliado do Governo chinês e do Partido Comunista Chinês, que governa Pequim desde 1949"
Aqui
Vamos acabar com dois Dalai Lamas: o oficial e o verdadeiro. Realmente não há limites para a estupidez humana.

segunda-feira, 8 de março de 2010

HISTERIA HIPOCONDRÍACA

"Com a chuva que tem caído em Portugal neste Inverno, é de esperar uma Primavera difícil para quem sofre de alergias. O alerta é do presidente da Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica (SPAIC), Mário Almeida, que insiste que o melhor remédio é a prevenção e a consulta de um especialista, de forma a minimizar os efeitos dos pólenes na vida das pessoas."
Aqui.
O melhor é correr já ao médico, comprar anti-alérgicos e subir para alerta laranja a protecção civil. Não chega já de hipocondria histérica?

GOSTO

"Restabelecer uma cultura desportiva benfiquista, imperial e planetária"

CRÓNICA DO NADA

À medida que o tempo holandês se vai esgotando num lamento ansioso por resultados a integração progressiva acelera. Subitamente, uma envolvente social arrasta o nobre investigador filosófico para a maior profundidade leidense. Não deixando tal facto de ser agradável, dá o dito investigador pela ausência daquilo que até agora caracterizava o desterro: o isolamento. Agora não se dá por ele, procura-se; agora não se respira nele, aspira-se. Curiosa coisa, o isolamento: não se pode viver só com ele, não se pode viver sem ele.

MASSIVE ATTACK

Massive Attack, "Inertia Creaps", Mezzanine (1998)

sábado, 6 de março de 2010

O PÂNTANO, O APARELHO E O SISTEMA


Há muito boa gente no PSD que não gosta de Cavaco Silva. Não quer sequer a sua reeleição. Se isto, à primeira vista, pode parecer uma idiotice primária não deixa de merecer uma reflexão um pouco mais profunda:

1. Quem pensa dessa forma é, normalmente, parte integrante do aparelho do PSD;

2. Quem pensa dessa forma é, normalmente, membro (e vive do) aparelho de estado.

3. Quem pensa dessa forma é, normalmente, apoiante de Pedro Passos Coelho;

Daqui não se pode concluir nem que todos os apoiantes de PPC são assim (porque não são), nem que todos os "aparelhistas" são assim (porque não são) nem, também, que todos os apoiantes de PPC, aparelhistas e trabalhadores do aparelho de estado serão assim. Da mesma forma, nem todos os que pensam assim se enquadram nestas três categorias.

No entanto, pode concluir-se que há uma certa cultura política de interesse partidário, o célebre discurso da união em torno do "temos de chegar ao poder porque o PSD é a solução para o país apesar de não explicar porquê" que não gosta de Cavaco. E não gosta de Cavaco por dois motivos: (1) Ele não é um deles, não partilha a mesma identidade nem o mesmo discurso. (2) Cavaco se tiver de prejudicar o PSD em nome de Portugal não hesitará, o que significa prejudicá-los a eles porque eles se identificam com o PSD.

Para estes militantes o PSD é a sua vida. Dia a dia entram nas sedes que limpam com afinco, entram nos gabinetes de vereação e assessoria onde passam doze a catorze horas do seu dia "dando o litro" pelo seu partido e pelo seu país. E, muito importante, do seu poder no PSD vem o tal emprego no aparelho de estado que lhes dá o importantíssimo salário no fim do mês com o qual pagam as suas contas. Não são maus. Mas não vêem, na sua maioria, o filme em todo o seu esplendor. Não pensam o país, porque não têm tempo, não podem ou não conseguem; nem estudam, imaginam ou aprendem as diferentes soluções para o futuro com a profundidade que a importância dessas questões exigiria. E muitos, mais tarde ou mais cedo, perdem-se nas malhas do interesse pessoal e partidário. Como pode alguém arriscar tudo o que tem, até a sua identidade, arriscar aquilo que se é, em nome de uma candidatura que fosse mais do interesse nacional quando eles se identificam com o interesse nacional, um princípio do qual compreendem o conceito mas, turvados pelas malhas do sistema, não inferem a sua aplicação prática? Como pode alguém aceitar que a sua identidade faz parte do problema e não da solução?

Aparelho haverá em todas as candidaturas. Interesses internos também. Mas não tenho dúvidas que onde mais independência há é com Paulo Rangel. E em Cavaco. E é por isso que tantos e tantos, mais do que defender a sua dama, passam a vida a bater nestes dois. Porque não são "dos deles". Não são como eles. Já a candidatura de Passos Coelho corporiza esta identidade.

Mas a questão é: numa altura como esta quem é que nós lá queremos a decidir por nós? Esta identidade aparelhista ou a independência em relação ao sistema? O que será melhor para o país?

O problema é que os aparelhos dos dois (e já nem apenas dos dois) maiores partidos se misturam no aparelho de estado. E, apesar de pertencerem a partidos diferentes, partilham uma mesma identidade. E muitas vezes o mesmo interesse. E assim nasce o sistema. Os negócios obscuros, a outra face, a suja e porca face do regime. A face do regime que nos empurra para baixo, que nos enfia nesta never ending crisis que nos assola, nos desgasta e nos deprime.

É esse pântano que tem de ser atacado. Limpo. Destruído. E isto faz-se com leis, faz-se com opções governativas e educativas; faz-se com muitas coisas. Mas só se começa com agentes de mudança fora do sistema. E é por essa razão que homens como Cavaco e Rangel são tão importantes.

sexta-feira, 5 de março de 2010

O ESPELHO DA DEMOCRACIA


Cada povo tem o que merece, não podemos esperar uma democracia saudável com um povo que não tem em si os mais básicos conceitos democráticos. A verdade é que não há democracia sem democratas. E, se por um lado, a melhor forma de combater o défice democrático é com "menos e melhor estado" também se torna evidente que qualquer visão para o futuro do país não pode deixar de levar esta questão (a ausência de democratas) em consideração. Significa isto que soluções assentes em princípios de suposta neutralidade anti-perfeccionista também não chegam. Não. Venha o conceito de cidadania; e venha a defesa de uma democracia de cidadania como a "boa vida", como a vida pela qual temos de lutar. E, por fim, venha o sistema educativo que, na falência da família (ou porque se desfaz ou porque não perfilha conceitos de cidadania), é a restante tábua de salvação. Ensinar a pensar, ensinar a criticar e ensinar a crescer. Sim, porque crianças mimadas não percebem que liberdade é igual a responsabilidade. E quem não compreende o que significa isto não compreende o que significa ser cidadão. E, evidentemente, sem cidadãos não há cidadania democrática.

MASOQUISMO

40% dos inquiridos votaria PS novamente. Terá de haver forçosamente uma explicação para que Portugal, com os seus quase novecentos anos de história, se veja constantemente enfiado em crises, em problemas, em desânimo, em tristeza; a explicação, resposta simples e bastante clara, é uma e só uma: é porque queremos. Mais valia que comprassem pás e cavassem os seus próprios buracos; as fábricas de material de construção civil agradeceriam. Posto isto, à merda com isto, a próxima vez que os holandeses me perguntarem que raio anda o "meu" governo a fazer no meio desta crise toda e que história é essa de uns casos à volta do "meu" Primeiro-Ministro respondo-lhes que não é o meu Primeiro-Ministro, nem é o meu Governo: é o desses 40%. Aproveitem-no bem. Esses, os outros, os de lá, os de cá, aproveitem-no bem que eu não tenho nada que ver com isto. Só vergonha.

quinta-feira, 4 de março de 2010

RIDÍCULO

É que, sinceramente, não consigo perceber como é que esta gente não percebe o ridículo que significa uma notícia como esta. Sobra o país em que ninguém acredita em ninguém. É tudo uma brincadeira.

É QUE É ISSO MESMO; QUEM NÃO ACREDITA?

quarta-feira, 3 de março de 2010

ACERCA DA CLAUSTROFOBIA DEMOCRÁTICA

“Há documentos do caso Freeport que estão lá [na TVI] desde Setembro que não saem cá para fora. Há documentos que implicam o primeiro-ministro e que não são divulgados”, adiantou, acrescentando que os documentos dizem “respeito a tranches, a pagamentos, a depósitos feitos e que envolvem a empresa Smith M Pedro."
Aqui.

UM EXEMPLO DE COMPETÊNCIA

terça-feira, 2 de março de 2010

NÃO GOSTO DISTO

"A Comissão Europeia anunciou hoje que autorizou o cultivo de uma espécie de batata geneticamente modificada, produzida pelo grupo alemão BASF."
Aqui.
Não sou perito no assunto e não gosto de falar do que não sei. Mas num mundo de incertezas temos muitas vezes de nos guiar pelo nosso instinto. É isso que também significa ser homem . E não gosto nada disto de transformar geneticamente aquilo que nos rodeia. Esta ilusão de controlo perturba-me porque aquilo que julgamos dominar acaba sempre por se revelar, como a vida, verdadeiramente indomável. No final, uma batata é uma batata; uma batata geneticamente transformada não é uma batata. Eu gosto de batatas; as não batatas dispenso.


Adenda: Eu sei que é só para fazer papel e dar de alimentar aos animais mas da mesma forma como nós somos o que comemos um bicho também o é; ora, e se nós comemos o bicho, bem, seis vezes três dá dezoito, é só fazer as contas.

ANDREW BIRD

Andrew Bird, "Fiery Crash", Armchair Apocripha (2007)

ONDE É QUE EU JÁ VI ISTO?

"If you knew coworkers, former bosses or exes who cheated on their taxes, would you turn them in? The Internal Revenue Service can make it worth your while" 
Aqui. Apanhado no Insurgente
Já Maquievel dizia que se deveria dividir para reinar. O aproveitar da mesquinhez humana é sempre deplorável além de uma arma de divisão social tremenda. Já não basta os ex's que pões fotos a circular na net ainda lhes metem processos fiscais em cima? Pequeninos, cada vez mais pequeninos.

segunda-feira, 1 de março de 2010

AINDA O ESTUDO SOBRE A QUALIDADE DA DEMOCRACIA (II)

"A respeito de conclusões da tal investigação, a saber, as posições "ideológicas" respectivas e correlativas no espaço ideológico de cada Partido dos seus deputados e do seu eleitorado, conviria saber, primeiro, que método, que instrumentos foram usados, quais as orientações das inquirições e, talvez principalmente, que critérios presidiram à obtenção dos resultados. Como, com que coordenadas, com que conteúdos se afere se "este" está mais ou menos para um lado? O que quer realmente dizer estar o eleitorado do partido x mais à esquerda ou mais à direita do que os seus deputados? Mais: o que quer dizer "estar mais à esquerda do que" sem mais qualificação, sem conteúdo? E será que "estar mais à esquerda do que" é, simplesmente, o oposto simétrico de "estar mais à direita do que"?" 
Carlos Botelho no Cachimbo

Subscrevo. Toda esta áurea de sabedoria advém de uma certa tendência positivista que pretende mostrar a ciência política como uma espécie de ciência exacta capaz de traduzir fielmente a realidade e, portanto, prever o futuro. Claro que não tem esse carácter e, por essa razão, não tem os critérios que se lhe exigiria nem a capacidade de futurologia que alguns desejariam que tivesse. A verdade é muito mais sinuosa do que a percepção política dessa mesma realidade. No entanto a aparência de exactidão permite a alguns politólogos darem ares de reveladores de uma verdade escondida ao comum dos mortais. No final sobra muito pouco.

AINDA A PROPÓSITO DA QUALIDADE DA DEMOCRACIA,

até porque o assunto só pode interessar a quem se ocupa de teoria política, importa dizer três coisas:

1) Sim, o sistema político Português carece urgentemente de reformas. Desde privilegiar a responsabilidade e representação política directa até ao redefinir das competências dos diferentes órgãos de soberania. E, também, numa perspectiva mais indirecta, soluções que privilegiem mais a personalização do eleito do que a partidocracia vigente. Soluções há muitas, nenhuma delas perfeita mas caminhar para um sistema onde haja mais poderes no Presidente da República e a introdução de ciclos uninominais para o Parlamento serão as minhas preferidas. Um longo debate.

2) Não, a solução dos problemas políticos do país não reside numa reforma do sistema político. Talvez possa ajudar mas não no fundamental. Quando a forma supera o conteúdo, quando a mentira é mais proveitosa do que a verdade, quando a profissionalização da política assenta não na qualidade do profissional mas no número de caciques que movimenta dentro do partido que o suporta; quando o discurso não está directamente conectado com a realidade, quando o espaço público é pobre e instrumentalizado, quando a discussão pública se ocupa do acessório e não do real; quando o interesse particular se sobrepõe sucessivamente ao interesse do país; e, finalmente, quando uma parte muito significativa da população eleitoral não compreende o que aqui neste ponto 2) se descreve, quando a realidade é esta, lamento mas podem alterar todas as regras do jogo que não há sistema que funcione.

3) Considerando 2) mais vale esquecer 1). Ao imaginar estes politiqueiros que nos governam a alterar o sistema político consoante aquilo que mais lhes interesse a eles e não ao país mais vale não mexer em nada. Só iriam piorar porque, convenhamos, as reformas de que necessitamos todos são aquelas que menos interessam aos caciqueiros trauliteiros que por aí andam. A chegar a altura de estarmos todos a discutir o melhor sistema para Portugal é porque algo de muito errado aconteceu. Lá chegaremos.

Posto isto, à nossa, que a festa ainda vai no adro.

Adenda: A solução passa sempre por compreender que o sistema político e os políticos que nele residem serão sempre o reflexo da cultura política de um país. Por isso mesmo, fica o rebuçado, querem resolver os problemas económicos, políticos e sociais do país? Queremos mesmo? Então tratemos da educação. Mas isso toda a gente já sabe. Fazê-lo é que é diferente. Parece que não dá votos investir nisso.

ESPELHO

"Insatisfeitos", "participar mais",  Não deixo de achar interessante que se continue neste registo. Querem-se mudanças, queremos isto, queremos aquilo e depois, nunca satisfeitos, dizem que nada funciona e a culpa é "deles". Haja paciência. Metade dos eleitores não vota e da metade que o faz 40% deles acharam por bem reeleger quem nos governa. Se quisessem mesmo participar e estivessem mesmo insatisfeitos andavam aí nas ruas, andavam nos partidos, andavam a votar em branco, no entanto, nada disso. Os problemas da democracia Portuguesa são muitos, é certo, mas os principais responsáveis somos nós. O sistema político reflecte sempre o povo que o cria. O problema é que muitos Portugueses não gostam de se ver ao espelho.