até porque o assunto só pode interessar a quem se ocupa de teoria política, importa dizer três coisas:
1) Sim, o sistema político Português carece urgentemente de reformas. Desde privilegiar a responsabilidade e representação política directa até ao redefinir das competências dos diferentes órgãos de soberania. E, também, numa perspectiva mais indirecta, soluções que privilegiem mais a personalização do eleito do que a partidocracia vigente. Soluções há muitas, nenhuma delas perfeita mas caminhar para um sistema onde haja mais poderes no Presidente da República e a introdução de ciclos uninominais para o Parlamento serão as minhas preferidas. Um longo debate.
2) Não, a solução dos problemas políticos do país não reside numa reforma do sistema político. Talvez possa ajudar mas não no fundamental. Quando a forma supera o conteúdo, quando a mentira é mais proveitosa do que a verdade, quando a profissionalização da política assenta não na qualidade do profissional mas no número de caciques que movimenta dentro do partido que o suporta; quando o discurso não está directamente conectado com a realidade, quando o espaço público é pobre e instrumentalizado, quando a discussão pública se ocupa do acessório e não do real; quando o interesse particular se sobrepõe sucessivamente ao interesse do país; e, finalmente, quando uma parte muito significativa da população eleitoral não compreende o que aqui neste ponto 2) se descreve, quando a realidade é esta, lamento mas podem alterar todas as regras do jogo que não há sistema que funcione.
3) Considerando 2) mais vale esquecer 1). Ao imaginar estes politiqueiros que nos governam a alterar o sistema político consoante aquilo que mais lhes interesse a eles e não ao país mais vale não mexer em nada. Só iriam piorar porque, convenhamos, as reformas de que necessitamos todos são aquelas que menos interessam aos caciqueiros trauliteiros que por aí andam. A chegar a altura de estarmos todos a discutir o melhor sistema para Portugal é porque algo de muito errado aconteceu. Lá chegaremos.
Posto isto, à nossa, que a festa ainda vai no adro.
Adenda: A solução passa sempre por compreender que o sistema político e os políticos que nele residem serão sempre o reflexo da cultura política de um país. Por isso mesmo, fica o rebuçado, querem resolver os problemas económicos, políticos e sociais do país? Queremos mesmo? Então tratemos da educação. Mas isso toda a gente já sabe. Fazê-lo é que é diferente. Parece que não dá votos investir nisso.
Eu voto! e também ponho mãos a obra.
ResponderExcluirSz