"A respeito de conclusões da tal investigação, a saber, as posições "ideológicas" respectivas e correlativas no espaço ideológico de cada Partido dos seus deputados e do seu eleitorado, conviria saber, primeiro, que método, que instrumentos foram usados, quais as orientações das inquirições e, talvez principalmente, que critérios presidiram à obtenção dos resultados. Como, com que coordenadas, com que conteúdos se afere se "este" está mais ou menos para um lado? O que quer realmente dizer estar o eleitorado do partido x mais à esquerda ou mais à direita do que os seus deputados? Mais: o que quer dizer "estar mais à esquerda do que" sem mais qualificação, sem conteúdo? E será que "estar mais à esquerda do que" é, simplesmente, o oposto simétrico de "estar mais à direita do que"?"
Carlos Botelho no Cachimbo
Subscrevo. Toda esta áurea de sabedoria advém de uma certa tendência positivista que pretende mostrar a ciência política como uma espécie de ciência exacta capaz de traduzir fielmente a realidade e, portanto, prever o futuro. Claro que não tem esse carácter e, por essa razão, não tem os critérios que se lhe exigiria nem a capacidade de futurologia que alguns desejariam que tivesse. A verdade é muito mais sinuosa do que a percepção política dessa mesma realidade. No entanto a aparência de exactidão permite a alguns politólogos darem ares de reveladores de uma verdade escondida ao comum dos mortais. No final sobra muito pouco.
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