quinta-feira, 24 de novembro de 2011

DA GREVE

Ontem, pela manhã, um automóvel relativamente novo, ornamentado com duas bandeiras vermelhas e equipado com uns altifalantes poderosos, passava uma voz rouca que afirmava que "os trabalhadores da função pública não são responsáveis pelo despesismo, que os trabalhadores não são responsáveis pelo estado a que as coisas chegaram". Talvez concorde. Em parte. No entanto, não deixo de concordar também que trabalhadores que têm um vínculo de trabalho permanente, um sistema de acesso à saúde fantástico e beneficiado de condições que mais ninguém beneficiou (estou a pensar nos aumentos salariais de 2009, por exemplo) não poderiam deixar de ter o reverso da medalha: trabalham para um patrão falido. E contra o poder imponderável da realidade - não há dinheiro - sobra, de facto, a questão da responsabilidade; e essa afere-se de forma muito simples: em quem andaram os trabalhadores da função pública a votar nos últimos quinze anos? É que a responsabilidade de facto não mora unicamente num pretenso curso de "filosofia" em Paris.

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