terça-feira, 16 de outubro de 2012

ORA, NEM MAIS, ENTÃO É FÁCIL

É que é isto mesmo que é preciso: sugiro aos Srs. ilustres Deputados do PSD e do CDS que, em resposta ao desafio de Gaspar, comecem por sugerir a transferência de serviços do sector público para o privado. Assim de repente podem começar por sugerir acabar com o centralismo despesista e controleiro do ministério da educação e propor o princípio de que as escolas são mais bem geridas localmente e, se possível, por entidades privadas. Podem dar como exemplo que as escolas privadas com contratos de associação com o Estado têm melhores resultados - e a menor custo para o Estado! - do que as suas vizinhas públicas. Também podem referir que, já que 80% da despesa do Estado é feita com a função pública e as prestações sociais, se não se reformar o entendimento que temos da educação e da saúde não vamos a lado algum. Podem também referir que a ideia de prestar serviços gratuitos a quem os pode pagar, financiado este desiderato através de dívida acumulada (deficits) ou impostos pesadíssimos sobre os cidadãos é um factor de uma enorme injustiça social. E depois podem relembrar que nenhuma destas sugestões servem para alguma coisa porque vivemos num país em que tudo é inconstitucional, até o Mestrado da Nova leccionado em Inglês. Já agora, podem aproveitar a dica da constitucionalidade e passar umas gravações onde o então candidato Passos Coelho, cheio de cabelo, afirmava ainda no tempo dos P(R)EC's de sócrates, o pequeno, que era necessária uma revisão constitucional para reformar Portugal. Posto isto podem os Srs. ilustres deputados enfiarem-se nos seus Clios e dirigirem-se para casa com a consciência tranquila de quem tudo fez o que estava ao seu alcance para que tudo mudasse apesar de saberem que, com excepção dos hipotéticos Clios, não têm poder para fazer rigorosamente mais nada. Viva Portugal e paz à Sua alma.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

OBLIVION

Cheguei agora a casa e fui ver o jornal. Aquilo que vejo no Público é o Gaspar a entregar o Orçamento... acompanhado do Dr. Relvas? A sério? Coitados, não percebem mesmo o que se está a passar. Mesmo.

domingo, 14 de outubro de 2012

AVISO À NAVEGAÇÃO

Se os senhores e senhoras que andam por aí a clamar pela queda do governo e por alguma forma de revolução popular estão à espera de ajudar em alguma coisa estão muito enganados: se cair o governo e houver eleições antecipadas virão os senhores da dívida dar cabo do que resta guiando o país ao caos e à miséria. Se assim for, depois, talvez eleitos pelo povo na democracia que agora não respeitam, os senhores da dívida, do Estado e do progresso da estrema-esquerda, a ser-lhes dada a oportunidade, tratarão de revolucionar Portugal rumo a um socialismo ditatorial. Se acham que a PSP é mazinha esperem para ver depois a guarda do novo regime. Se, por outro lado - este inimaginável para mim -, estes revolucionários de All Stars às cores e IPnones na mão tivessem sucesso nalguma forma de alteração de regime político, o resultado seria o mesmo: uma questão de tempo até os novos iluminados virem salvar a pátria e impor a sua nova ordem. Em nome do povo, claro. A ignorância impera mas eu deixo um claro aviso à navegação: sejam as brigadas populares ou os guardas oficiais de um novo regime, quem vier tentar ocupar aquilo que é meu será recebido de caçadeira na mão: a liberdade luta-se por ela e eu não estou disposto a abdicar da minha.

THE TREE OF LIFE


Vi ontem o filme The Tree of Life (2011) de Terence Malick. Estava curioso porque as críticas que me tinham chegado eram bastante antagónicas: pessoas que eu respeito ora me diziam que o filme era uma estucha pretenciosa ora afirmavam plenos de convicção que tinha sido um dos filmes mais belos que já haviam visto na vida. Perante tal cenário sabia eu já uma coisa: o filme não era indiferente e, apenas por essa razão - em tempos de triste indiferença - já tinha eu uma expectativa positiva: quer fosse uma repulsa profunda ou um enamoramento por algo belo, pelo menos, algo iria acontecer. E aconteceu, de facto. O filme começa de uma forma enigmática sem que se perceba bem qual a ligação entre o momento presente e a acção que se passa nos anos 50. No entanto - e isso eu já sabia aos cinco minutos de filme - os planos de realização e a fotografia simples e cristalina transmitiam imagens de uma beleza rara no cinema. Tal como profundamente sensorial é toda a sequência da criação universal onde, ao som da Lacrimosa de Preisner, somos levados aos píncaros do belo: o cosmos que também somos na sua magnitude universal. Por este ponto já intuía eu que, por pior que viesse aí, já não poderia dar o meu tempo como perdido. Da orgíaca criação cosmológica para a evolução da vida na Terra e a serenidade do mar de onde a vida partiu, passando por uma extrapolação infundada onde a compaixão nasceria ainda com os dinossauros, tudo faz parte de uma preparação para que libertemos os pensamentos e nos deixemos levar pelas sensações. Aqui uma nota mais técnica para a recusa de Malick em utilizar os efeitos especiais actuais e ter recrutado Douglas Trumbull para supervisor de efeitos especiais; Trumbull foi o responsável pelos efeitos de filmes como 2001 A Space Odissey (1968) e Blade Runner (1982), tendo sido este, aliás, o seu último filme em vinte e nove anos: não esqueceu, pelo contrário. Aliás, venham mais destes que a falsidade cibernética e espalhafosa da actualidade de facto não lhes chega aos calcanhares. As semelhanças com a obra prima de Kubrick não ficam por aqui: todo o sentimento de descoberta e evolução da vida através de uma epopeia onde o mais singelo feito toma a forma de um acto heróico faz mesmo lembrar aqueles minutos imortais iniciais de 2001 A Space Odissey. E não fica a perder. Finalmente entramos onde Malick nos quis trazer: ao nascimento e ao desenvolvimento do emocional, dos seus laços, do amor e do ódio, de tudo que, no final, é a essência da vida. Através das imagens esculpidas e da música que emana entramos nós no mundo daquela criança que um dia todos nós fomos. Emanuel Lubezki, o director de fotografia, explica que a fotografia, e o filme em geral, mais do que pretender narrar uma estória tem por finalidade funcionar como gatilho para a libertação de "toneladas de memórias, tal como um cheiro ou um perfume". E é isso mesmo que The Tree of Life é: um perfume. Acompanhar o crescimento daquela criança é sermos de novo a criança; é reviver-se a nossa infância, os momentos de ligação profunda e única com os pais, a família, o amor; reviver uma vida que para nós, os adultos, já passou e onde a enclausura implacável do tempo nos faz garantir que é uma vida que nunca mais voltará. The Tree of Life permite reviver, sentir de novo, relembrar, sentir, sentir, sentir, recordar. É, nesse sentido, profundamente avassalador. As dúvidas sobre o bem e o mal, as arbitrariadades da vida moral, dos humanos eles próprios, a incerteza e as frustrações, as certezas e as desilusões; enfim, as vicissitudes da vida e o sofrimento da condição humana: está lá tudo. Por fim a mensagem: talvez fique para cada um a interpretação dos desertos de Sean Penn (que instintivamente me fizeram lembrar Zabriskie Point (1970) de Antonioni) e dos planos absolutamente fenomenais da cidade moderna. A mim, depois de mergulhar no oceano de emoções minhas que Malick me ajudou a reviver, sobra a convicção - que já tenho há muito - de que, perdidos no cosmos, apenas nos sobram as mãos daqueles que estão perdidos connosco. Não será difícil de perceber que me junto àqueles que afirmam The Tree of Life como uma das mais belas experiências cinematográficas que já viveram. É isso e algo mais ainda: porque é um filme para se sentir e não para se entender, não querendo com isto dizer que o filme não se compreenda. Pelo contrário: sentir é também uma forma de compreensão do todo que Malick pretende mostrar. No final, fica um hino à emoção que por duas horas nos livra da fria e crua realidade racional onde nos querem enfiar fazendo-nos relembrar a nossa condição através do reviver das nossas próprias memórias. Um gatilho implacável, de facto. Qualquer racionalista empedernido contemporâneo não há-de ter aguentado, provavelmente, mais do que vinte ou trinta minutos. Pior para ele: ficam os pretensos racionalistas a perder mais um pedaço da experiência da humanidade.

Votação IMDB: 6.9 \ 10
Votação Desblogueada: 10 \ 10

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

GASPAR, NÃO É POR AÍ

O novo regime de IRS é uma vergonha. Ponto final. Em Portugal vive-se para sustentar o Estado, o que significa que o Estado entende que deve retirar uma grande parte do rendimento das pessoas (a sua propriedade privada, fruto do seu trabalho) e decidir ele próprio em nome das pessoas onde gastá-lo. Claro está que pelo caminho resolve gastar em coisas que, provavelmente, as pessoas nem consideram muito aceitáveis. Isto é o socialismo na sua essência mais pura: ter uns poucos a decidir o que fazer com o trabalho de muitos. O Estado português representa hoje em dia um peso que afunda os Portugueses que se vêem todos os dias a pensar como vão pagar as suas contas; pior: ao retirar-lhes muito do pouco que têm, ao retirar dinheiro da economia privada, havendo menos consumo, menos investimento e, consequentemente, menos emprego, afunda também essa mesma economia fazendo com que, dessa forma, os Portugueses sofram uma asfixia dupla. Em suma: o Estado está a levar-nos ao fundo; neste momento estamos num caminho onde o único resultado possível será a miséria: em vez da miséria abrupta que uma bancarrota sócrates nos causaria, temos a miséria gradual, asfixiante e inexorável que o garrote fiscal vai impondo à economia e aos Portugueses. Agora, entendam-se duas coisas: a austeridade é necessária pois que o Estado não pode continuar a gastar mais do que ganha; no entanto, há várias receitas para essa austeridade. A alternativa não está em "acabar com a austeridade" como os socialistas irresponsáveis (aqueles que em primeira instância nos colocaram nesta situação) querem vender aos mais incautos, mas sim nas diferentes formas como aplicá-la. E aqui há dois caminhos: a actual política socialista encapotada onde as contas são equilibradas primariamente através do aumento das receitas do Estado (mais impostos) e onde a consequência é que diminuem os rendimentos disponíveis da economia fazendo com que, proporcionalmente, o Estado vá ficando cada vez mais pesado; ao mesmo tempo, as empresas vão falindo, o desemprego vai aumentando e o Estado, implacável, precisando de manter o desiderato de equilibrar as contas, lá vai aumentando sempre os impostos, carregando e carregando todo o peso do seu desnorte em cima dos cidadãos. Este é o caminho que tem sido seguido: um caminho de miséria inevitável e de uma privação cada vez mais inaceitável da liberdade individual. A alternativa é óbvia: diminuir o deficit diminuindo efectivamente a despesa do Estado. O problema aqui é que 80% dessa despesa é com salários e prestações sociais. Ou seja: diminuir a despesa de facto implica duas coisas básicas, fundamentais e inevitáveis: (1) que o acesso aos bens públicos (educação, saúde) tem que ser repensado de forma a que sejam apenas gratuitos para os mais pobres que não podem mesmo pagar e que (2) se tem de diminuir a massa salarial da função pública de forma permanente: despedir (ou transferir para o sector privado) funcionários públicos, portanto. Não se pode ter o melhor dos dois mundos. A escolha é entre uma miséria anunciada para todos ou uma reforma profunda na sociedade portuguesa que nos abra novos horizontes e possibilidades de sucesso. Agora, austeridade sem que haja uma mudança do paradigma que nos trouxe à falência é óbvio que não trará nada de bom: apenas um lento agonizar nas malhas do descalabro anunciado. Não me parece justiça social, por exemplo, ter bens públicos gratuitos para todos aqueles que podem perfeitamente pagá-los quando precisarem; também não me parece justiça social termos todos que sustentar milhares de cidadãos que estão na função pública sem produzir (veja-se o caso de professores sem horários, p. ex.) ou a produzir bens que podem ser perfeitamente produzidos pelo sector privado (assumindo este os seus salários) ou, pior ainda, a produzir bens desnecessários: despesa, portanto. A reformulação da função pública passa por racionalizar, privatizar ou extinguir serviços o que forçará, naturalmente, os funcionários públicos afectados a ter que ir procurar emprego no sector privado. Claro está, que tais medidas não podem ser implementadas sem ser no seio de um programa mais vasto de (des)intervenção económica: se já sabemos que mais impostos travam a economia é preciso que seja desanuviada a carga fiscal precisamente para obter o efeito contrário: diminuindo os impostos sobre as pessoas aumenta-se o consumo e actividade económica, criando-se novos empregos; diminuindo os impostos sobre as empresas aumenta-se a sua capacidade de investimento e criam-se novos empregos. Finalmente, edificando um regime fiscal competitivo e estável - sublinhe-se o termo 'estável' - criam-se condições para atrair investimento estrangeiro, criando mais emprego. É através da actividade económica privada que se cria emprego - emprego esse que gera receita fiscal para o Estado; é precisamente através do aumento da actividade económica que se aumentam as receitas fiscais futuras de forma a gerarem-se superavits que possibilitem pagar (parte da) dívida acumulada. Manter o nível actual de de funcionários públicos apenas garante a impossibilidade de efectivamente diminuir a despesa. Tudo isto, obviamente, deverá ser acompanhado de uma drástica e evidente redução de regalias para a classe política; não porque o seu efeito seja de uma grande poupança económica (por si só não resolve nada, apenas ajuda) mas porque é de uma enorme e imperiosa necessidade ética e moral. Posto isto importa dizer que, obviamente, o caminho não é fácil; pelo contrário: é bastante penoso. Mas é um caminho. Seguindo o actual rumo estamos enfiados num buraco. Até Bruxelas já percebeu isso. A solução será portanto menos Estado, mais economia privada; menos impostos, mais liberdade individual; menos função pública, mais empregos no sector privado; menos garantias, mais riscos (e oportunidades); menos miséria anunciada mas mais possibilidade de prosperidade. O problema é que, mesmo com o apoio de Bruxelas, liberalizar de facto a economia apesar de ser o (único) caminho para maior justiça social (porque é a única possibilidade de permitir a criação de riqueza a médio prazo) implica enfrentar todos os interesses instalados na sociedade portuguesa. E para isso precisa-se de um governo forte, capaz de implementar as reformas necessárias, por mais difíceis que sejam. O problema (ou a virtude) é que as actuais medidas não serão suportadas por muito mais tempo o que levará à inevitabilidade do caminho alternativo aqui proposto, nem que seja imposto de fora. Ou seja: ou precisamos de um governo esclarecido e determinado com força para implementar as reformas de que absolutamente necessitamos ou, tristemente, precisamos de um governo obediente a Bruxelas mas que tenha força para implementar no país as medidas que nos serão impostas. Neste momento não temos nem uma coisa nem outra porque aquilo que é mesmo necessário é força; e força é coisa que este governo parece não ter.  Pior: temos um governo ferido de legitimidade moral porque um governo que exige o sacrifício que actualmente é exigido aos Portugueses não pode ter nada a que se possa apontar o dedo. Nada. Muito menos ter por lá um ministro como o Dr. Relvas que, sozinho, conseguiu deitar por terra a credibilidade do próprio, do Primeiro Ministro e, consequentemente, do governo. É preciso emendar a mão. É preciso inverter o rumo. Venha a remodelação governamental e venha, fundamental! a coragem e o ímpeto verdadeiramente reformista: e se assim não for que da maioria parlamentar venha outro Primeiro Ministro e outro governo capaz de fazer aquilo que este não conseguiu. Permitir que a actual maioria parlamentar chegue ao fim do seu mandato sem que as principais reformas tenham sido feitas será a receita do fracasso nacional. É que as alternativas já nós sabemos quais são.

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

COISAS BOAS NA BÉLGICA


CONSTATAÇÃO

Os buços das Belgas são menos visíveis porque são loiros; mas lá que existem, existem.

INDECISIVENESS


DA INDIFERENÇA

O facto de sermos uma espécie que tem a capacidade de adaptar o meio ambiente a si própria é um facto absolutamente assinalável e merecedor de grande orgulho. Darmos por nós em realidades físicas onde tudo é feito à medida humana  - casas, cadeiras, estradas - é um feito único e tremendo. Tremendo! Mas a maior parte dos ditos humanos passa por esse permanente monumento como se nada fosse, nada significasse: como aqueles passageiros que voam velozmente por entre as nuvens a reclamar com o ruído que um vizinho de ocasião produz. Voar, imagine-se! Se tal feito é por si só uma obra prima universal, igualmente esclarecedor será o universal encolher de ombros com que se encara a realização efectiva do mais antigo sonho da Humanidade: andar pelos céus. Talvez seja precisa tal indiferença para que se criem coisas novas mas sobra então a pergunta: coisas novas para quê? Se as maiores novidades eclodem apenas para encontrar a mais fria indiferença humana para quê, então, todo o esforço? De que vale a obra humana se, na sua insignificância universal, não é valorizada e gozada por aqueles únicos para quem ela é grande, entenda-se: os próprios? Valerá, pois então, valerá para quem a viva; valerá para quem não lhe seja indiferente e que guarde tal modesto orgulho como motivo de conforto. Para os restantes sobra a crua insatisfação e a infelicidade de quem não sabendo o que quer, tudo deseja sem que lhe aproveite nada.

DAS LÁGRIMAS

"E todavia, meu amigo, se um bom silogismo vale muito, uma lágrima bem quente, bem viva e bem sentida, deve valer tanto - ou muito mais ainda. O peso de uma lágrima! Leve cousa, talvez, na palma da mão de um filósofo, acostumada a levantar a mole espantosa dos argumentos, dos sistemas, das ciências. Mas quando sobre o coração nos cai, duns olhos que Deus fizera para a luz e para a ventura, e a que a vida só deu sombras e abrolhos - então! sente-se-lhe bem o peso, a essa pobre gota de água, e não há aí já peito de bronze que não vergue e se abale, como se tocasse o dedo invisível de uma divindade..."

Antero de Quental, O Sentimento da Imortalidade [Carta ao Sr. Anselmo de Andrade] (1865)

DA OPOSIÇÃO

"What is in opposition is in agreement and the most beautiful harmony comes out of things in conflict (and all is born according to strife)."

Heraclitus

TRISTEZA

Ora aqui está uma palhaçada: construir uma ponte é que não mas uma barragem gigante já pode ser. Isto sem entrar no logro financeiro e económico (e político) que a construção da barragem significa desde logo. Sinceramente, estou a marimbar-me para classificações internacionais, agora ver aquela zona única do nosso país alterada permanentemente (destruída) em nome de interesses ilegítimos é simplesmente ofensivo; mais uma página na (longa) destruição ambiental do país: troca-se o permanente por uns patacos no presente. O diabo que os carregue a todos.

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

869

Parece que a malta do sistema anda por ai' a comemorar umas coisas; como de costume enfiaram a pata na poça e la' fizeram asneira com uma bandeira. Indiferente: Portugal comemora hoje oitocentos e sessenta e nove anos de independência. O resto são batatas. E quem ainda não percebeu que o Dia de Portugal e' o 5 de Outubro de 1143 pode ir aprender porquê. Diz que hoje em dia utilizando uma tal de 'internet' não e' coisa que leve muito tempo. Basta vontade.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

PONTO DE SITUAÇÃO

1. Pedro Passos coelho nunca mais pode dizer que não vira a cara às dificuldades e que assume sempre ele a responsabilidade de comunicar aos Portugueses as medidas difíceis.

2. Paulo Portas não conta para o totobola pois, como sabemos, não concorda com aumentos de impostos.

3. A via do socialismo continua imparável: cada vez mais impostos, cada vez mais os Portugueses, literalmente, trabalham para sustentar o Estado.

4. As reformas na Educação, Administração Interna e Defesa onde o governo conta poupar em 2014 ficaram por explicar; sobra a intenção.

5. Os impostos serão diminuídos à medida que a despesa pública for sendo reduzida (e a respectiva substituição do deficit for um superavit, depreendo). Fico muito mais descansado.

Conclusão:

a) fico apreensivo pela coesão do governo;

b) tenho dúvidas, que espero ver esfumadas - haja esperança! -, na capacidade do governo em reformar de facto o Estado e a despesa pública portuguesa;

c) há um cabrão a rir-se em Paris que merece um enxerto de pancada. E alguns em Lisboa, este, por exemplo. Só o BPN custou 3405 milhões de euros.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

MEDIOCRIDADE

O DN hoje resolveu publicar uma entrevista desta personagem. Pior: a entrevista é feita pela agência pública (paga com o dinheiro dos contribuintes, portanto) Lusa. Ali se fala sobre a situação política portuguesa "esquecendo-se" que a personagem em questão é, no mínimo, um ludibriador da justiça portuguesa. Não há vergonha.

A FILOSOFIA DO XICO-ESPERTO (com a mania que sabe tudo e que prefere achar que tem a capacidade de mudar o mundo antes de se dar ao trabalho de o compreender)

DEPENDÊNCIA FINANCEIRA

Aquilo que mais salta à vista quando lemos que Bruxelas já aprovou as medidas que substituirão a "TSU" é que perdemos por completo a nossa liberdade: antes do povo saber, já Bruxelas sabe. E, antes que se levantem os indignados a gritar e a rasgar as vestes porque não são tidos nem achados, permitam-me que esclareça uma pequena coisa: isto é o que acontece a quem vai à falência e fica nas mãos dos credores. Quem quiser clamar por liberdade que faça o favor de pensar primeiro porque é que estamos falidos. Aliás, já S. João Bosco dizia, e muito bem, que liberdade é igual a responsabilidade: não tivemos a segunda logo perdemos a primeira. Curiosamente, ainda não vi manifestações populares que exijam a diminuição da despesa do Estado (a razão porque estamos falidos é que o nosso Estado gasta mais do que ganha há 40 anos) portanto imagino que não haja muita gente preocupada com a liberdade do nosso país.

O LEGALISMO

Já se sabe há muito tempo que o que o Dr. Relvas fez não era ilegal; mais: que era mesmo legal no sentido em que tinha seguido regulamentos e disposições legais também se sabia. No país da regulite e do legalismo - na senda da ética republicana socialista, aliás -  apenas importa se é legal ou não: as PPP's do Campos? Eram legais. A viabilização do Freeport em zona protegida? Foi legal. Ninguém pergunta se se consideram tais comportamentos como aceitáveis ou não. Como se as leis que impedem os maus comportamentos caíssem do céu sem ninguém lutar por elas, ou então, que já tivessem sido todas as leis encontradas e que o ordenamento legal que temos é eterno e imutável. O problema é que se decidirmos que tais comportamentos não são aceitáveis temos que fazer qualquer coisa - clarificar legislação que torne o legal em ilegal - agora, se apenas nos perguntarmos se foi legal ou não, nada sobra para fazer: os governantes fazem as leis que quiserem e depois desde que não as infrinjam podem fazer as asneiras que lhes bem aprouver. A ver se nos entendemos: a pergunta não é apenas se é legal ou não; é também se o comportamento é aceitável ou não e se a lei que regula tais comportamentos é boa ou não. E aí entra-se - finalmente! - numa profundidade do debate que seria útil para alguma coisa.