quinta-feira, 11 de outubro de 2012

DAS LÁGRIMAS

"E todavia, meu amigo, se um bom silogismo vale muito, uma lágrima bem quente, bem viva e bem sentida, deve valer tanto - ou muito mais ainda. O peso de uma lágrima! Leve cousa, talvez, na palma da mão de um filósofo, acostumada a levantar a mole espantosa dos argumentos, dos sistemas, das ciências. Mas quando sobre o coração nos cai, duns olhos que Deus fizera para a luz e para a ventura, e a que a vida só deu sombras e abrolhos - então! sente-se-lhe bem o peso, a essa pobre gota de água, e não há aí já peito de bronze que não vergue e se abale, como se tocasse o dedo invisível de uma divindade..."

Antero de Quental, O Sentimento da Imortalidade [Carta ao Sr. Anselmo de Andrade] (1865)

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