quinta-feira, 11 de outubro de 2012
DA INDIFERENÇA
O facto de sermos uma espécie que tem a capacidade de adaptar o meio ambiente a si própria é um facto absolutamente assinalável e merecedor de grande orgulho. Darmos por nós em realidades físicas onde tudo é feito à medida humana - casas, cadeiras, estradas - é um feito único e tremendo. Tremendo! Mas a maior parte dos ditos humanos passa por esse permanente monumento como se nada fosse, nada significasse: como aqueles passageiros que voam velozmente por entre as nuvens a reclamar com o ruído que um vizinho de ocasião produz. Voar, imagine-se! Se tal feito é por si só uma obra prima universal, igualmente esclarecedor será o universal encolher de ombros com que se encara a realização efectiva do mais antigo sonho da Humanidade: andar pelos céus. Talvez seja precisa tal indiferença para que se criem coisas novas mas sobra então a pergunta: coisas novas para quê? Se as maiores novidades eclodem apenas para encontrar a mais fria indiferença humana para quê, então, todo o esforço? De que vale a obra humana se, na sua insignificância universal, não é valorizada e gozada por aqueles únicos para quem ela é grande, entenda-se: os próprios? Valerá, pois então, valerá para quem a viva; valerá para quem não lhe seja indiferente e que guarde tal modesto orgulho como motivo de conforto. Para os restantes sobra a crua insatisfação e a infelicidade de quem não sabendo o que quer, tudo deseja sem que lhe aproveite nada.
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