quinta-feira, 6 de setembro de 2012
O VAZIO
Sobre as incoerências mentais do Sr. Carreiras já abundei com bastante precisão e aturada paciência aqui. Talvez por isso vou-me divertindo a ler as "suas" crónicas às Quartas-Feiras no jornal i, sempre curioso para descortinar no meio da retórica redonda - redondinha - qual é o moinho de vento que Carreiras vai agora combater ou quais - também abundam - as soluções mágicas para os problemas do mundo: entre a retórica vazia contra a retórica vazia dos outros e as propostas de uniões dos mundos portugueses ou, consoante o seminário a que Carreiras assistiu nessa semana, talvez ibéricos para, segundo ele, constituírem blocos fundamentais e salvíficos no mundo (talvez ficasse bem sentado Carreiras ao lado de Chavez, não saberemos nunca), enfim, entre uns e outros há de tudo. Até manifestos sobre a bondade canina, os quais, aliás, também os partilho, principalmente na apologia das qualidades caninas, das quais, como todos sabemos, a fidelidade se realça perante todas as outras. No entanto, e a propósito de fidelidades caninas, assuma-se que, apesar do vazio, numa coisa Carreiras sempre foi coerente: palavra puxa palavra e, páginas tantas, lá está o homem a defender o chefe: sempre a elogiar, a enaltecer ou a puxar o lustro às botas de Passos Coelho. E assim se foi andando no mundo das "crónicas" de Carreiras. Até hoje. Ora, então não é que o homem hoje deu em mandar vir com a falta de rasgo e de esperança do discurso de reentré de Passos Coelho. Não deixa de ser curioso que é quando as águas se agitam e a coligação abana que logo vêm alguns ajudar a picar. E logo quem tanto lustro passava. Curiosa coincidência. E que crítica fundamentada faz Carreiras ao Primeiro-Ministro? Que falta rasgo, que não entusiasma, que falta esperança. E que pede Carreiras? "Que as lideranças políticas compreendam a necessidade de mostrar que o país tem amanhã. Que há lugar à esperança.Está na hora de nos mobilizarmos todos num grande movimento de restauração da esperança em Portugal". Toda esta grandiloquência que grita muito alto sem dizer nada ao mesmo tempo que afirma que "a resposta não passa por discursos grandiloquentes e não passa por vender ilusões"... Para além da tendência inconsciente de Carreiras sempre advogar grandes "mobilizações" e grandes "movimentos" que juntem todos, fica aqui a capacidade infinita do vazio reclamar contra ao vazio ao mesmo tempo que clama pelo vazio. No fim sobra uma ideia: para cão fiel, Carreiras começou a morder a mão do dono: talvez lhe cheire a outro tempo; ou, quiçá, talvez os donos, não sei, por entre falados e não desmentidos aventais e ambições ferozes, hoje em dia já sejam outros. Infelizmente, entre Relvas e Carreiras, este é o PSD que temos. Eu bem avisei aqui que se queremos um Governo forte e capaz de atacar os interesses instalados precisávamos de um PSD liderado por outra gente. Quando vier a remodelação governamental (se calhar é por isso que os (in)fiéis se agitam) logo veremos para que lado isto vai tombar. Quanto a mim, pessimista estou e, infelizmente, mais pessimista vou ficando.
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