sexta-feira, 4 de março de 2011

DA PORTUGALIDADE E DO ESTADO

"Mais tarde, no recreio, tínhamos discutido o comunismo. Era a abolição da propriedade em todas as suas formas, o Estado tinha tudo, e era ele que dava as coisas de que as pessoas precisavam, e toda a gente era obrigada a trabalhar para o Estado, para pagar aquilo que recebia. As opiniões tinham-se dividido. Aqueles que eram filhos de funcionários do Estado não viam diferença nenhuma. Os que eram filhos de médicos, advogados, comerciantes achavam que havia diferença, porque uma pessoa não podia ganhar o que quisesse. E a discussão tinha ficado por ali, esfriando a pouco a pouco, abstracta, académica, longínqua."

Jorge de Sena, Sinais de Fogo, Guimarães Editores, 2009, pp. 132-3

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