UM HERÓI
Diogo Lopes, o adjunto do comando dos Bombeiros de Mangualde, tinha na altura 38 anos e preparava-se para, findo o dia de trabalho às 19h, partir para os incêndios das matas. "Tocou o alarme e disseram-nos que era um acidente na linha em Alcafache. Pensámos que era na passagem de nível e mentalizei-me que iria ver alguém aos bocados. Quando nos aproximámos, vi o fogo e pensei que era mais um incêndio florestal. Mas não, era um comboio a arder!"Diogo Lopes conduzia a primeira ambulância de Mangualde a ocorrer ao sinistro, mas nem chegou lá perto, porque havia pessoas que tinham feito chegar os feridos à estrada. "Levei logo uma senhora que tinha um buraco enorme no corpo devido à queimadura e que só gritava para que lhe encontrassem o seu netinho..." Ao chegar ao hospital de Mangualde, nem parou, tal era a confusão que ali havia e seguiu directamente para Viseu, onde ainda voltou mais duas vezes nessa noite para transportar feridos. "À terceira ainda dei sangue. Deram-me uma sandes e foi com essa sandes que andei alimentado durante dois dias. Até que num momento encostei-me um bocado para descansar e acordei numa maca. Tinha estado à beira da exaustão."
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