segunda-feira, 29 de junho de 2009
CASA DOS BICOS
"A Casa dos Bicos, edifício que Brás de Albuquerque, filho do vice-rei da Índia Afonso de Albuqueque, mandou construir em 1523, após uma viagem a Itália, e que teve como modelo o Palácio dos Diamantes, em Ferrara, receberá em 2009 a Fundação José Saramago. Embora seja legítimo supor que o seu primeiro proprietário gostaria que a sua casa tivesse o mesmo nome, a opinião dos lisboetas de então foi diferente. Onde alguns quereriam ver diamantes, eles nâo viam mais que bicos de pedra, e, como o uso faz lei, de tanto lhe chamarem Casa dos Bicos, dos Bicos ficou e com esse nome entrou na História."
in Blog do José Saramago.
sexta-feira, 26 de junho de 2009
IT DOESN'T MATTER IF YOU'RE BLACK OR WHITE
Não se pode dizer que fosse o maior fã do Michael Jackson. Também não posso dizer que a sua morte fosse algo de completamente inesperado. É com tristeza que vejo um talento perder-se, não só pela sua prematura morte mas, mais do que isso, pelo trilho de absoluta infelicidade e desiquilíbrio que o vi seguir nos últimos anos. Cresci com Michael Jackson. Tentei imitar vezes sem conta o seu moonwalk. Li, da colecção Triângulo Jota, as aventuras do Jorge, da Joana e do Joel quando, no livro "Corre Michael, corre" acabam a jogar futebol com ele. Cantei, dancei e saltei com as suas músicas. Como todos da minha geração. Saúdo o dançarino espectacular, o visionário dos videoclips, o quebra-fronteiras afro-americano, o músico e compositor, o entertainer.
Mas o exemplo da sua vida serve para outra coisa também: Nestes tempos de absoluta loucura, de ganância pura, onde o elogio da superficialidade, a banalização da pretensa normalidade, nestes tempos de negra estandardização comportamental, o exemplo de Michael Jackson com a sua luta por ser algo que não era, mostra bem que da apologia do parecer, surge apenas a degenerescência do ser. Que se aprenda alguma coisa nesta altura de botox, peelings, implantes e sei lá mais o quê que nos querem vender, não é por aí, a felicidade não vem assim. Pelo contrário. E o Michael Jackson mostrou isso. Só não vê quem não quer ver.
O título de Rei da Pop assenta-lhe bem, não tenho dúvidas sobre isso. Quanto ao resto, somos todos humanos e, por isso mesmo, únicos, irrepetíveis, se bem que frágeis e perenes. C'est la vie.
quinta-feira, 25 de junho de 2009
FESTIVAL MUSA 3 E 4 DE JULHO
A não perder. Eu lá estarei, direitinho do Brasil, para ouvir o que de novo se anda a fazer por aí. O Festival MUSA (Música Urbana e Sons Alternativos), 11ª Edição, é uma rampa de lançamento para novos valores da música, recebendo maquetes de bandas de todo o lado que tentam singrar no mundo da música. Ao mesmo tempo, é uma oportunidade de podermos ouvir algumas bandas consagradas (como é o exemplo este ano dos Alpha Blondy). Em Portugal, o Festival Musa, sob o lema "Preocupas-te?" junta a música e a criatividade numa experiência de cidadania global, visando um mundo mais sustentável. Acrescenta-se que o MUSA reflecte o trabalho da Associação CRIATIVA, da qual sou associado, e que todo o trabalho no Festival é assegurado por voluntários. Não percam mesmo, é uma boa forma de juntar o útil ao agradável.
O DIÁRIO DOS MOMENTOS PERDIDOS (I)
A pouco e pouco os carros abrandam e imobilizam-se, em fila, ou melhor duas filas, daquelas lado a lado, como meninos da escola primária de mãos dadas à espera de entrar na sala de aula. O sinal está encarnado. Uns, mais afoitos, não acendem sequer as luzes dos travões, permanecem em ponto de embraiagem, andam ligeiramente para a frente e para trás, uma vez, duas vezes, estão prontos, três vezes, querem ir, querem avançar, sair da prisão momentânea em que se encontraram, vamos lá embora, a vida está-se a acabar. Já os calmos, pastelões peritos em pisar ovos, dirão os primeiros, já esses não só carregam nos travões como demoram a soltar os pés de tal pedal. Agrada-lhes a segurança do certo, do parado, do contemplativo momento em que nada se passa. Perdidos nos seus pensamentos, irritam os acelaradores em potência que se apostam já na rápida largada rumo ao metro seguinte de estrada. Uma buzina ouve-se ao fundo. Mais insistente. Rotativos. Este carro não pára, não pode parar. E de repente todos, os calmos e os afoitos, os chatos e os apressados, os parvos e os peritos do volante, todos, sem excepção, todos eles se apressam, se apoquentam bem, digo-vos que estava lá e vi, todos dão um jeitinho, sobem o passeio, vão um pouco à frente e para o lado, rápido, urgência repentina, vamos todos juntos fazer um esforço. E dá resultado: em poucos segundos uma terceira faixa, torta, curvilínea, uma serpente de alcatrão toma forma e o carro que apita e grita e luz passa, passa a correr e todos os outros, encolhidos, franzem os pára-choques, sentem um ligeiro arrepio, que se safe, que se salve, aquele vai mal, coitadinho, Deus lhe valha, Deus o acuda, força nas canetas, aguenta-te pá; é de um momento bonito que falamos aqui, que ninguém duvide, é tão raro ver estes perdidos humanos todos juntos a desejar o mesmo e a lutar pelo mesmo. Cada um na sua vida, agora todos na nossa vida, é assim a vida, como diria o poeta, Cesse tudo o que a antiga musa canta que valor mais alto se levanta. O sinal fica verde. Os calmos, mais apressados, arrancam com rapidez. Os apressados, mais calmos, vão com menos ginete, afinal, em última análise, coitadinhos, coitadinhos, mas espero bem é que não venha a ser eu.
(Cont.)
POLITIKA COM P GRANDE
quinta-feira, 18 de junho de 2009
"ESTOU MUITO SATISFEITO COMIGO"
Mas ainda haverá paciência para aturar o ego deste marquetista caciqueiro?
Não tenho o costume de abordar questões políticas neste blog mas, suficiente é suficiente. Este propagandista, cacique local, afoito assinante de projectos urbanísticos que não eram seus (prática comum da pequena corrupção portuguesa nas autarquias), que se fez grande dirigente nacional, talvez à custa de grandes obras como o Freeport e tal, esta caricatura de um político, representa, para mim, a falência do nosso sistema. Invólucros vazios de conteúdo, cheios de directrizes marquetistas, enguias da política obcecadas com a manutenção dos seus pequenos poderes e das suas posições sociais que vão saltando do partido para o aparelho do Estado, cada vez em saltitos maiores, de fraudezinha em favorzinho, disto está o país cheio. Sócrates é o seu maior exemplo e enquanto não nos livrarmos deste bando de incompetentes, egoístas de má fé, carraças parasitárias do interesse nacional, enquanto não o fizermos, o declínio, a venda ao estrangeiro, o desapareciemnto lento e inequívoco, o desbaratar da História e do tempo será o nosso triste, mas tristemente certo, destino. Já o é. E é tão evidente que se torna constrangedor ver tantos e tantos, no bolso ou nas mãos destes que nos desgovernam, a falarem como se falassem verdade, sabendo nós, aqueles que têm os olhos abertos, que a verdade deles não é mais do que a necessidade deles. Coitados. Pobres coitados, tristes peqeuninos sem eira nem beira. Perderam a honra e o tino Perderam a Ética e a Política. E se não nos apoquentarmos com eles, se os deixarmos livremente correr entre nós, não se enganem, não há almoços grátis. O alienamento paga-se caro. Infelizmente a História repete-se volta não volta e, acreditem, por precisamente as mesmas razões já muitos cairam antes de nós. Sempre quis acreditar que o nosso Fado não cantava assim. A sério. Corram com estes indivíduos.
Não tenho o costume de abordar questões políticas neste blog mas, suficiente é suficiente. Este propagandista, cacique local, afoito assinante de projectos urbanísticos que não eram seus (prática comum da pequena corrupção portuguesa nas autarquias), que se fez grande dirigente nacional, talvez à custa de grandes obras como o Freeport e tal, esta caricatura de um político, representa, para mim, a falência do nosso sistema. Invólucros vazios de conteúdo, cheios de directrizes marquetistas, enguias da política obcecadas com a manutenção dos seus pequenos poderes e das suas posições sociais que vão saltando do partido para o aparelho do Estado, cada vez em saltitos maiores, de fraudezinha em favorzinho, disto está o país cheio. Sócrates é o seu maior exemplo e enquanto não nos livrarmos deste bando de incompetentes, egoístas de má fé, carraças parasitárias do interesse nacional, enquanto não o fizermos, o declínio, a venda ao estrangeiro, o desapareciemnto lento e inequívoco, o desbaratar da História e do tempo será o nosso triste, mas tristemente certo, destino. Já o é. E é tão evidente que se torna constrangedor ver tantos e tantos, no bolso ou nas mãos destes que nos desgovernam, a falarem como se falassem verdade, sabendo nós, aqueles que têm os olhos abertos, que a verdade deles não é mais do que a necessidade deles. Coitados. Pobres coitados, tristes peqeuninos sem eira nem beira. Perderam a honra e o tino Perderam a Ética e a Política. E se não nos apoquentarmos com eles, se os deixarmos livremente correr entre nós, não se enganem, não há almoços grátis. O alienamento paga-se caro. Infelizmente a História repete-se volta não volta e, acreditem, por precisamente as mesmas razões já muitos cairam antes de nós. Sempre quis acreditar que o nosso Fado não cantava assim. A sério. Corram com estes indivíduos.
quarta-feira, 17 de junho de 2009
SIMPLE THINGS
(fui encontrar esta preciosidade através do Abrupto na rubrica de José Pacheco Pereira na Sábado em Linha)
domingo, 14 de junho de 2009
ANTÓNIO VARIAÇÕES (3.12.1944 - 13.06.1984)
Era o maior. Claramente à frente do seu tempo. Morreu fez ontem 25 anos.
sábado, 13 de junho de 2009
FERNANDO PESSOA
Há 111 anos nascia um dos grandes génios portugueses.
"Sou o fantasma de um rei
Que sem cessar percorre
As salas de um palácio abandonado...
Minha história não sei...
Longe em mim, fumo de eu pensá-la, morre
A ideia de que tive algum passado...
Eu não sei o que sou.
Não sei se sou o sonho
Que alguém do outro mundo esteja tendo...
Creio talvez que estou
Sendo um perfil casual de rei tristonho
Numa história que um deus está relendo..."
Fernando Pessoa
"Sou o fantasma de um rei
Que sem cessar percorre
As salas de um palácio abandonado...
Minha história não sei...
Longe em mim, fumo de eu pensá-la, morre
A ideia de que tive algum passado...
Eu não sei o que sou.
Não sei se sou o sonho
Que alguém do outro mundo esteja tendo...
Creio talvez que estou
Sendo um perfil casual de rei tristonho
Numa história que um deus está relendo..."
Fernando Pessoa
sexta-feira, 12 de junho de 2009
MUDANÇA
As caixas amontoam-se.
As prateleiras despem-se,
as paredes esbranquecem.
A casa esvazia-se,
o lar desaparece.
O paraíso da possibilidade infinita desenrola-se diante de mim.
Eu tenho de ir.
Eu quero ir.
Mas eu quero ficar.
Talvez parte de mim fique.
Ficará certamente,
até eu voltar.
Um dia.
Agora vou,
mas ainda vai demorar.
Felicidade amarga,
sinfonia paradoxal,
levo comigo as memórias,
deixo as lembranças de mim.
As prateleiras despem-se,
as paredes esbranquecem.
A casa esvazia-se,
o lar desaparece.
O paraíso da possibilidade infinita desenrola-se diante de mim.
Eu tenho de ir.
Eu quero ir.
Mas eu quero ficar.
Talvez parte de mim fique.
Ficará certamente,
até eu voltar.
Um dia.
Agora vou,
mas ainda vai demorar.
Felicidade amarga,
sinfonia paradoxal,
levo comigo as memórias,
deixo as lembranças de mim.
CHICKEN A LA CARTE
De Ferdinad Dimadura fica aqui uma curtíssima metragem que foi considerada a mais popular no Festival de Berlim de 2006. Trata a temática da fome e da (des)conexão entre o mundo cor de rosa da superficialidade materialista e um outro, negro, infelizmente real, mais profundo, aquele onde 10 000 pessoas morrem de fome todos os dias.
DE VOLTA
ao mundo perdido da ocidental praia lusitana. Parece que o Ronaldo é milionário, o primeiro-ministro é um derrotado e o Dias Loureiro é culpado de videirice. O Benfica perdeu o campeonato e mudou de treinador. Nada de novo a registar, nada que já não se soubesse. É a vida e, por aqui, parece que ela não muda.
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