segunda-feira, 27 de junho de 2011

domingo, 26 de junho de 2011

CONNOISSEUR


                                                                              Daqui.

sábado, 25 de junho de 2011

DA INTUIÇÃO

Se aceitarmos a noção de que a identidade individual é uma subjectividade então somos forçados a igualmente aceitar a ideia de que nunca lhe poderá caber - à identidade - qualquer objectividade: o subjectivo não pode ser objectivo porque aquele é, forçosamente, parte deste: é, portanto, mais pequeno e dentro do mais pequeno não cabe o maior (a parte não pode compreender o todo). Assim sendo, um dado que a subjectiva identidade tenha como certo nunca poderá ser um facto (os factos são objectivos por natureza). Chegamos assim à óbvia conclusão de que o mundo dos factos e das certezas está reservado ao objectivo, ao todo; ao absoluto, portanto. É este o fado dos homens, compreendermos que a nós, os subjectivos, apenas nos é permitido chegar aos factos (ao real) se por alguma arte mágica conseguirmos alcançar o absoluto. No entanto, imaginando que tal coisa possa ser possível - e é uma suposição - a parte ter a capacidade de conhecer (conhecer é diferente de compreender) o todo (porque dele faz parte) só poderá ocorrer no limite do cognoscível e para lá das regras que entendemos como banais: a parte não pode compreender o todo, porque não o abrange, no entanto a parte pode saber o todo, porque dele faz parte, porque são o mesmo. A partir daqui sobra a ideia de que o verdadeiro conhecimento - o absoluto -, a poder existir, e disso não podemos estar certos (tal como de mais nada), então tal conhecimento apenas poderá ser intuído e nunca verdadeiramente compreendido:  assim, a intuição será o conhecimento absoluto e universal que, tal como o ADN, permanece dentro de todas as pequenas partes que compõem o todo.

BROADSWORTH CALLING DANNY BOY

A VIDA ETERNA

"E todavia, agora que me descubro vivo, agora que me penso, me sinto, me projecto nesta noite de vento, de estrelas, agora que me sei desde uma distância infinita, me reconheço não limitado por nada mas presente a mim próprio como se fosse o próprio mundo que sou eu, agora nada entendo da minha contingência. Como pensar que «eu poderia não existir»? Quando digo «eu», já estou vivo... Como entender que esta iluminação que sou eu, esta evidência axiomática que é a minha presença a mim próprio, esta fulguração sem princípio que é eu estar sendo, como entender que pudesse «não existir»? Como pensar que é nada? A minha vida é eterna porque é só a presença dela a si própria, é a sua evidente necessidade, é ser eu, EU, esta brutal iluminação de mim e do mundo, puro acto de me ver em mim, este SER que irradia desde o meu mais longínquo jacto de aparição, este SER-SER que me fascina e às vezes me angustia de terror... E todavia eu sei que «isto» nasceu para o silêncio sem fim..."

Vergílio Ferreira, Aparição

terça-feira, 21 de junho de 2011

O EFEITO RIZZO


A mulher perfeita? Emily Mortimer em City Island. Perdida mas resoluta, frágil mas corajosa, arrojada mas fugitiva. Tudo temperado com uma certa dose de loucura própria da angústia escondida. Genuína, portanto.

O DESTINO

Assumimos o destino como sendo algo com peso, com força: é um desígnio, uma fatalidade. E é este peso que transportamos para as nossas vidas, para as escolhas que fazemos questionando-nos acerca do sentido que as coisas têm e se determinada coisa estará ou não destinada. Não é à toa que o destino se aborda com dois tempos, o passado e o futuro, e que ao primeiro corresponde uma afirmação plena de convicta certeza enquanto que ao segundo cabe sempre uma interrogação: se algo ocorreu porque assim tinha de ser, foi o destino; se algo vai acontecer porque assim terá de ser, será o destino? A verdade é que do futuro ninguém sabe e por isso do destino também não. O destino é a consequência lógica da compreensão humana acerca do tempo: é a noção hoje de que o amanhã vai acontecer; e como o amanhã vai acontecer independentemente da nossa vontade, à efectivação das nossas escolhas (sejam elas livres ou não) conferimos a nobreza do destino: a sensação de que o futuro, apesar de nos estar vedado, já aconteceu.

AS ESTÁTUAS

As pessoas gostam muito de "guardar os momentos" e para isso utilizam a tecnologia fantástica que é a fotografia. E assim os vemos, aos humanos, nas mais diversas poses, nos mais diversos locais, estáticos que nem esculpido mármore, à espera da imortalização daquele momento. Não consigo deixar de sentir uma certa tristeza nesta vã tentativa de agarrar o tempo: quando vemos os álbuns das vidas passadas lá estão as pessoas, passando-lhes os anos pelas caras, sempre com os mesmos sorrisos, sempre a olhar plenos de actuada felicidade para o olho mecânico que lhes vai guardar aquele momento. E é precisamente isso que é triste: os momentos dos homens são dinâmicos, são de acção, são de coisas que acontecem, de emoções que se vivem; por esta razão, as boas fotografias são aquelas que apanham o desprevenido, o acontecimento: aquelas que captam a emoção. Quanto às outras, as das poses, essas onde os humanos estáticos olham ansiosamente para a posteridade perguntando-se intimamente se irão ficar bem ou mal na fotografia, quanto a essas fotografias não captam momento algum a não ser sempre o mesmo sorriso forçado de quem na ânsia de captar os momentos da sua vida e os guardar num ficheiro fotográfico se esqueceu de viver aquele.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

WORST CASE SHOPPING

                                                                              Daqui.

DA CONSCIÊNCIA

Poderíamos dizer que felizes são os inconscientes que usufruem a todos os momentos do seu tempo a vida eterna porque da morte não têm conhecimento nem dela se apercebem. No entanto, o pesado fardo da consciência da própria finitude, porque deriva do conhecimento de si próprio e do mundo, representa também a excelsa oportunidade de contemplar de forma consciente o próprio infinito. Voltando-se a consciência para o imenso e para o todo e, forçosamente, será superior a sensação daquele que contempla em relação àquele outro que meramente usufrui. Ou pelo menos desta ilusão intuição (que a capacidade de consciência é proporcional à capacidade de contemplação) se faça o nosso contentamento: a cada consciência a respectiva chave que, única no seu código de ranhuras, abra a contemplação do infinito e, consequentemente, nos permita o vislumbre da felicidade e que quanto maior for a chave, maior seja esse vislumbre. Dessa forma, apesar de sem sentido, todo este pensamento consciente - e a angústia do conhecimento -, pelo menos, serviria para qualquer coisa.

VISLUMBRE

A única verdadeira fórmula de felicidade é, ao contrário do que os especialistas de marqueting nos garantem, absolutamente fugaz e momentânea e passa pela capacidade de, a espaços, verdadeiramente ter a oportunidade de contemplar o milagre da vida e do mundo: nesse momento o infinito (o todo) é sentido por nós (a parte). E isso não se passa num anúncio de televisão.

GARANTIA E POSSIBILIDADE

Compete ao estado oferecer, não a felicidade para todos - porque não a pode garantir - mas sim a igual possibilidade de obtenção de felicidade que caberá a cada um aproveitar (ou não). E compreender e assumir esta pequena distinção faz toda a diferença e oferece muito mais possibilidades de felicidade para todos.

terça-feira, 14 de junho de 2011

DAS MÁSCARAS

Parece-me grande a capacidade luso-humanóide para ofender-se com a forma sem compreender que o que conta é o conteúdo: aquilo que, por trás da forma aparente, realmente está a ser dito. Há quem, com formas agradáveis, impolutas e afáveis passe a vida inteira sem se dar a conhecer a ninguém e seja capaz das maiores e mais dissimuladas faltas de respeito. Há, depois, as pessoas genuínas, aquelas com as quais se pode contar porque, de facto, espraiam-se no mundo, de peito aberto, mostrando quem e o que realmente são. Gosto mais destas, de facto. Já quem prefere as primeiras fica, parece-me, a perder o real: não se ofende, irrita, toca, ou chateia, satisfazendo-se meramente com a hipócrita e superficial rede de compostas e simpáticas actuações sociais: o eterno baile de máscaras. É curto para viver, penso eu, gastar a vida a tentar agradar aos outros. Terão esses, com certeza, muito mais com que entreter as suas horas (escassas como a todos) do que gastá-las a aturar-me a mim. Felizmente: que eu para bailes de máscaras já nem para o Carnaval tenho grande paciência.

SPIRIT IN THE SKY

Norman Greenbaum, Spirit in the Sky (1969)

quinta-feira, 9 de junho de 2011

MOMENTO POLÍTICO

Não posso afirmar com plena e certa convicção sobre o que vem aí. Mas tenho esperança. E só isso já é muito.

TURBILHÃO

Inundado de memórias, acossado por anseios e iludido pelos sonhos: a alma liberta-se e, finalmente, respira. Deve ser do tempo.

800

Este blog passou dos oitocentos posts.

TOMORROW

The Shirelles, Will You Love Me Tomorrow (1960)

quarta-feira, 1 de junho de 2011

O EFEITO BLIXEN

A terra? É redonda para que não tenhamos a capacidade de ver demasiado longe.