sábado, 25 de junho de 2011

DA INTUIÇÃO

Se aceitarmos a noção de que a identidade individual é uma subjectividade então somos forçados a igualmente aceitar a ideia de que nunca lhe poderá caber - à identidade - qualquer objectividade: o subjectivo não pode ser objectivo porque aquele é, forçosamente, parte deste: é, portanto, mais pequeno e dentro do mais pequeno não cabe o maior (a parte não pode compreender o todo). Assim sendo, um dado que a subjectiva identidade tenha como certo nunca poderá ser um facto (os factos são objectivos por natureza). Chegamos assim à óbvia conclusão de que o mundo dos factos e das certezas está reservado ao objectivo, ao todo; ao absoluto, portanto. É este o fado dos homens, compreendermos que a nós, os subjectivos, apenas nos é permitido chegar aos factos (ao real) se por alguma arte mágica conseguirmos alcançar o absoluto. No entanto, imaginando que tal coisa possa ser possível - e é uma suposição - a parte ter a capacidade de conhecer (conhecer é diferente de compreender) o todo (porque dele faz parte) só poderá ocorrer no limite do cognoscível e para lá das regras que entendemos como banais: a parte não pode compreender o todo, porque não o abrange, no entanto a parte pode saber o todo, porque dele faz parte, porque são o mesmo. A partir daqui sobra a ideia de que o verdadeiro conhecimento - o absoluto -, a poder existir, e disso não podemos estar certos (tal como de mais nada), então tal conhecimento apenas poderá ser intuído e nunca verdadeiramente compreendido:  assim, a intuição será o conhecimento absoluto e universal que, tal como o ADN, permanece dentro de todas as pequenas partes que compõem o todo.

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