terça-feira, 4 de janeiro de 2011

O CICLO DO PODER

Uma das grandes ilusões do nosso tempo é a crença de que vivemos em democracia. Aquilo que chamamos democracia na realidade é uma coisa diferente do governo do povo: o povo, de facto, não governa, o povo apenas escolhe quem governa. A Democracia (o governo de todos) pressupõe a igualdade entre as partes que compõem o todo e, por essa razão, a verdadeira forma de nomeação governativa numa democracia - tal como o foi na antiga Grécia - é o sorteio: numa sociedade de iguais capacidades é indiferente quem governa; numa sociedade de iguais não há melhores, logo todos merecem por igual governar e apenas a fortuna do sorteio resolve a situação de uma forma moralmente igualitária. Já na nossa democracia moderna (definida como representativa) o povo não governa: o povo escolhe os melhores para governar; ou seja, na prática, trata-se de uma Aristocracia (o governo dos melhores) se bem que electiva. O problema aqui é que, por um lado recusa-se a ideia de que o povo pode governar mas, por outro, já se aceita a ideia de que pode escolher quem governa. Considerando que para eu escolher avisadamente entre duas hipóteses eu tenho de compreender o que está em disputa, a simples noção de que quem nada percebe de governação pode compreender - e por isso escolher - eficazmente quem são os melhores para governar representa um paradoxo ontológico. A esta república aristocrática todos são chamados: os melhores para governar e os não-melhores para escolher. É, no mínimo, um equilíbrio difícil que depende acima de tudo da capacidade do povo escolher bem: da boa educação, portanto. No entanto, a realidade é que vivemos cada vez mais numa república oligárquica do que numa república aristocrática: os escolhidos para governar apesar de serem alguns (mais do que um e menos do que todos) não são os melhores. E com as actuais elites governantes cada vez mais apropriadas dos poderes, controlando os mecanismos de nomeação governativa e perpetuando-se no poder, o elemento republicano do sistema é cada vez mais diminuto em relação ao oligárquico. E a tendência acentua-se. Todo este desequilíbrio na república tem sido disfarçado pela abundância material: uma comunidade rica tende a reclamar pouco e a interessar-se pouco pela vida da própria comunidade. No entanto, o actual ciclo de riqueza baseado num consumismo individualista desmedido que cria dívida sem criar valor pode muito bem estar a chegar ao fim; e aí, como sempre, virá a contestação. Da contestação à repressão e desta à escravidão e posterior revolução libertadora são os eternos passos dos quais se escrevem as páginas da nossa História. Infelizmente aprendemos muito pouco e com a crescente superficialização tecnológica totalitária que nos assola cada vez aprendemos menos. A escravidão que infelizmente se segue será, por essa exacta razão, total, avassaladora e tristemente brutal.

14 comentários:

  1. E eu tiro-te o chapéu por este texto. Seria bom estarmos pelo menos avisados sobre a nossa história recente... e da miragem das soluções sempre totais, holísticas e revolucionárias. Não será normal que identifiquemos sempre os mesmos problemas durante um século (o XX) e que, de QUATRO regimes distintos, não tenha saído solução pelos menos de (sejamos justos) parte desses problemas. E como a própria palavra pede, os problemas resolvem-se com soluções, não com revoluções. Abraço

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  2. A revolução é uma solução, simplesmente, por ser violenta, menos interessante para quem está habituado a viver em liberdade como nós. O problema é precisamente que as soluções pacíficas e reformistas só se fazem enquanto em liberdade; uma vez perdida, aí o caminho será sempre o da violência (repressão - revolução). Evitar tal coisa é a luta pela liberdade, o único tónico da paz e riqueza. Mas a liberdade dá trabalho por isso os humanos tendem a esquecer-se de trabalhar por ela e só dão pela coisa , normalmente, quando a perdem. Abraço

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  3. Apenas me preocupa o facto de, por uma busca cega e utópica de igualdade, deixarmos nas mãos da sorte os destinos de um Povo, que, bem sabemos, nunca será nem poderá ser igual, com iguais capacidades...
    Por outro lado, não vejo grande diferença do que se passa com o que designas democracia moderna com a democracia da antiga Grécia, ou melhor, claro que vejo, a "moderna" é manifestamente mais igualitária do que a "antiga", visto que mulheres, estrangeiros, escravos e crianças não participavam das decisões políticas da cidade. Portanto, esta forma antiga de democracia era bem limitada. E apenas os melhores podiam governar... quem são os melhores? O que é escolher bem? Parece-me que houve sempre este desquilíbrio.
    Quanto ao resto, brilhante... Falta apenas a solução, a cura para o desequilíbrio e a consequente decadência do sistema. Um anunciar apocalíptico de um período de escuridão, sem uma proposta de luz é, claramente um sinónimo típico do povo que apenas escolhe quem governa, i.e., de cruzar os braços...

    Beijos Lebres.

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  4. Democracia, ilusão do povo!
    Boa Catarina! Bora lá investir na Luz!
    Sz

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  5. Olá Nuno, Bom ano!

    Algumas questões:

    1º Se não estamos em democracia, se o nosso sistema actual apenas cria a ilusão de que vivemos em democracia, o que é que temos a perder?

    2º Qual é a base para assumir que o ciclo de acumulação de riqueza está a acabar? Talvez esteja somente a mudar de mãos ou a alterar a sua distribuição global, ou talvez estejamos a passar por um impasse económico que espera uma solução política, ou económica, ou tecnológica. Esta análise parecer ser demasiado eurocêntrica.

    3º De que forma é que se pode estabelecer uma relação entre uma crise económica e o fim da democracia?

    4º Não existe apenas democracia versus ditadura, existem várias formas de democracia. A organização democrática tem de ser eterna e exclusivamente representativa? Hoje temos condições para reduzir a pressão sobre o fenómeno da representatividade. Isso importa porque considero que muito dos nosso problemas políticos (e não só) se devem a uma degradação dos procedimentos de representatividade. Que se traduzem em falhas graves de comunicação entre governantes e governados, em incapacidade de criar fenómenos equilibrados de ascenção política das propostas e anseios da população, também de distância física entre o cidadão e o local de decisão, etc. A observação do nosso quotidiano sugere que o poder representativo está administrativamente incapaz e com muito pouca legitimidade social e política.

    5º O que é isso dos melhores e dos não melhores? Já existiu algum sistema político arrumado desta forma? A ideia de "melhores" não pode ter uma dimensão apenas: haverá melhores para governar num dado quadro social, económico, político, etc.; haverá melhores para governar empresas, haverá melhores a produzir conhecimento; haverá melhores para executar procedimentos administrativos, para ensinar, para fazer desporto de competição, etc. Uma sociedade para funcionar tem de ter muitos destes "melhores" em diversas posições. E esses melhores existem em Portugal e não permitem que o paradoxo ontológico seja uma realidade plena.

    A democracia não existe numa forma idealizada. Não existe e nunca existiu.

    Este discurso é uma consequência do medo e procura dispersar esse mesmo medo E esse sim é um factor determinante para criar condições para a destruição da liberdade.

    Contudo partilho da preocupação com o destino da democracia actual. Não faço projecções, mas considero que é necessário alterar certos principios culturais e de funcionamento da nossa sociedade.

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  6. Olá Nuno, bom ano!

    Algumas dúvidas:

    1º Estamos ou não em democracia? É importante definir se temos de lutar contra um regime que pode emergir no futuro ou se temos de lutar contra o regime actual.

    2º Com que base é que defendes o fim do ciclo de acumulação de riqueza? Não será uma avaliação demasiado eurocêntrica e, para além do mais, assente em pressupostos circunstanciais?

    3º Existe uma relação tão determinista entre crise económica e crise do sistema político? Quais são as variáveis para que essa projecção se cumpra?

    4º A análise mais fecunda e que exprime melhor o problema de Portugal e da Europa é aquela que coloca em oposição a democraia e a ditadura ou que coloca a própria democracia como alternativa a si própria? Isto é, o nosso maior problema político não residirá nos próprios mecanismos de representatividade? Não haverá actualmente uma degradação da legitimidade dos agentes, das instituições e dos próprios processos adminitrativos e políticos do poder representativo? Problemas que se traduzem em graves falhas de comunicação entre governantes e governados, dificuldades em criar fenómenos de ascenção política, equitativa e com mérito, das propostas e anseios da população, o facto de existir uma grande distância geográfica entre o cidadão e o local de decisão sobre assuntos do seu quotidiano, etc.

    5º Esta separação entre melhores e não melhores é real? É desejável? Há melhores para lidar com crises e melhores para lidar com sistemas saudáveis e produtivos; há melhores para lidar com uma certa ideia de futuro e melhores para lidar com outras ideias; há melhores para administrar empresas, para ensinar, para produzir conhecimento, inovação, para praticar desporto de competição, para arranjar as canalizações das nossas casas, os nossos computadores, etc. Uma sociedade deverá ser tanto melhor quanto for capaz de produzir em quantidade e ajustar os trabalhos às competências dos seus melhores. E Portugal tem muitos "melhores". E cada um deles é um potencial falsificador do paradoxo ontológico.

    Esta análise representa o medo e procura espalhar o medo. Esse sim um dos mecanismos que pode reforçar a ligação entre crise económica e o fim da liberdade.

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  7. Catarina,

    A democracia ser mais ou menos igualitária depende da perspectiva sobre a qual analisas o problema: se falarmos de igualdade na dignidade humana (homens, mulheres, escravos) terás razão mas se olharmos da perspectiva sistémica a nossa democracia representativa é muito menos igualitária pois na democracia ateniense, como digo no texto, o povo efectivamente governava enquanto que no nosso caso apenas escolhe quem governa.

    Saber quem são os melhores e o que é governar bem, ao contrário do espírito do nosso tempo é algo impossível de definir por conceitos gerais abstractos, não há norma escrita que o defina, pois aquilo que é bom num caso poderá ser mau no outro; essa escolha, portanto, dependerá sempre de cada um e da preparação que tem para a fazer, daí que o equilíbrio da nossa república aristocrática depnderá, acima de tudo, da capacidade do povo estar preparado para escolher: tal como digo no texto, a educação, portanto.

    Quanto à solução. Não acredito em soluções definitivas, a condição humana é sempre de caminho e não de fim; no entanto, poderemos percorremos caminhos de maior ou menor liberdade cabendo-nos a nós a escolha sobre qual trilhar. Mas para escolhermos temos de perceber que há uma escolha e quais são os perigos de fazermos a errada: desprezarmos o sistema político, não ensinarmos a cidadania, a perda de valores, o atomismo social são ingredientes para uma futura escravidão; o primeiro passo para a evitar é tomarmos consciência do problema.

    Beijinho

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  8. Ricardo,

    Um excelente ano para ti também e muito gosto em ouvir-te.

    Ponto por ponto:

    1. A questão não é se estamos em democracia ou não, a questão é o equilíbrio sistémico em que vivemos. A verdadeira democracia (que não digo que fosse melhor ou pior) era a do sorteio. A nossa representatividade democrática é simplesmente um eufemismo para escolhermos os melhores; ora o governo dos melhores sempre foi definido desde a Antiguidade (Platão, Aristóteles) como a Aristocracia. A nossa inovação é que ela seja electiva. O problema dos nossos dias é que o elemento aristocrático (os melhores) está ser substituído pelo elemento oligárquico (alguns) o que nos faz viver numa sociedade onde alguns controlam o sistema (normal) mas em prol dos seus interesses e não do bem geral. A luta não será, portanto, contra a democracia, ou sequer contra a democracia representativa , a luta será por restaurar o equilíbrio frágil (de que falo no texto) e lutar pela sua constante e difícil manutenção.

    2. O fim do ciclo de riqueza é uma outra discussão completamente diferente e que já tenho abordado em textos anteriores e que não o fiz neste para não me repetir (no contexto do blog) e não tornar o texto demasiado extenso (ninguém o lia); se navegares pelo meu blogue vais deparar-te com os meus argumentos sobre essa matéria. Só um toque: não é eurocêntrico porque é precisamente por o eurocentrismo ter desaparecido que a nossa riqueza está em crise.

    3. A relação da economia com a dinâmica política é a da contestação:

    Riqueza - Paz social, ausência de contestação
    Escassez - Conflito social, elevada contestação

    O problema aqui são os instrumentos de poder da oligarquia governativa que (e isto vale o que vale uma presunção blogueira) serão fortalecidos num contexto de elevada constestação. Se tivermos em conta os crescentes instrumentos de invasão de privacidade, de controlo social e de influência das massas que estão ao dispor de quem tem poder penso que haverá muitos motivos para preocupação. Aliás tal situação só se insere perfeitamente nos ciclos sistémicos de que o Aristóteles e o Platão falavam. Acrescento que não é preciso vir a escassez para que a liberdade esteja em causa: ela já está hoje. Sobre isso tenho escrito abundantemente também aqui no blogue.

    4. Subscrevo. Parece-me que o principal problema subjacente a esta degeneração do sistema é a crise de valores comunitários. Sobre isto já discutimos umas vezes e, já sabes, o meu argumento é mais ou menos este:

    Valores comunitários - coesão social, comunicação fluída entre as partes, representatividade mais eficaz

    Valores atomistas, individualistas - atomismo social, dificuldade de entendimento do outro (não são parte do mesmo todo mas sim todos distintos), representatividade inquinada por interesses próprios.

    Atenção, não sou ingénuo ao ponto de pensar que antes os interesses não contavam, pelo contrário; a questão é a desculpabilização daquilo que antes era inaceitável e o ideal individualista - egoísta como o exemplo.

    5. Percebo o teu ponto e concordo com ele. No meu caso refiro-me a um ideal abstracto dos governantes versus governados, ou seja, o topo da pirâmide hierárquica versus a base. Já escrevi um outro texto entretanto que aborda, em parte, esta questão.

    Um grande abraço e obrigado pelo tempo que aqui despendeste :)

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  9. Quando falei em eurocentrismo pretendia assinalar que, globalmente, existem elementos que contestam essa tese do fim da acumulação de riqueza. O PIB mundial continua a crescer.

    A dúvida que tenho sobre a relação entre a crise económica e a crise política é sobre a possível existência, já em curso, de uma trajectória que resultará na ruptura (e não uma simples crise) do sistema político.

    Ao contestar esta noção que polariza a sociedade entre melhores e não melhores pretendo levantar várias questões: i. o termo "melhor" muda conforme a sua utilização e de acordo com cada contexto; ii. a classificação dos melhores, tal como os entendemos no mundo ocidental, é, frequentemente, baseado em pressupostos individualistas e amorais. Por exemplo, o melhor como o melhor currículo, o técnico mais reconhecido pela sua comunidade. Não conheço avaliações com base no carácter, na ética, na capacidade de valorizar técnica e socialmente os colegas. Portanto, o melhor pode não ser o melhor em equipa; iii. um meio social que acredita nesta polaridade, nomeadamente quando é encarada de forma muito drástica, é um meio que desvaloriza necessariamente o outro. Essa perspectiva, quando se instala nas elites e nos governantes, pode dificultar o fomento da participação civil, pode manter um desiquilibrio entre governo e sociedade civil, reduzindo o seu papel como agente de desenvolvimento e a sua qualidade enquanto decisor politico.

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  10. Pois, o PIB mundial continua a crescer mas para mim não é indiferente se a fatia de crescimento está na China e na Índia ou na Europa; tenho uma visão, não eurocêntrica porque não vejo a Europa no centro do mundo, mas europeia, ou seja: o que interessa a nós os Europeus.

    Nenhum sistema político sobrevive a grandes e profundas mudanças económicas; não podemos esperar que cidadãos anteriormente detentores de níveis elevados de riqueza subitamente atirados para a miséria continuem a apoiar acriticamente o sistema político que os conduziu a tal situação.

    Subscrevo o teu ponto (tal como já o tinha feito no comentário anterior) de que não se pode tipificar simplesmente o que é o melhor ou o que é o não-melhor. Sigo unicamnete a noção clássica, ligada aos assuntos da governação, do melhor como o mais apto a governar (seja o que for que isso signifique). Uma coisa é certa, o melhor para governar não é aquele que coloca o seu interesse particular à frente do interesse daqueles que representa.

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  11. Mas a Europa não está a empobrecer. Pelo menos, para já, continua a crescer.

    A ritmos menos elevados do que em outras regiões do globo, é certo. Para além do mais, tal como a Alemanha beneficiou do enriquecimento de certos países da europa, também a europa pode enriquecer com a acumulação de riqueza no sudoeste asiático, no Brasil, etc.

    O que a Europa está a perder a pique é a sua importância geoestratégia mundial. Os fluxos de poder parecem estar a passar para o pacífico.

    Mas seria possível criar um projecto tão ambicioso como a União Europeia sem dúvidas, hesitações, caminhos mal trilhados, crises de ansiedade, dificuldades com a perda de identidade e autonomia nacionais? E muito importante, sem crises económicas directamente relacionadas com esse período de transição? O custo económico de uma transição social e política tão grande tem de ser também elevado. Não será assim? Mas isso pode ser mais ou menos circunstancial, depende se surgem projectos mobilizadores que mantenham a europa unida e cada vez mais funcional.

    Considero que o medo que se está a instalar nas elites europeias é o elemento mais perigoso e que pode por em causa todo o caminho já trilhado, neste projecto que é humanamente fantástico e politicamente inteligente.

    O futuro está dos grandes blocos.

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  12. Subscrevo tudo menos a parte do enriquecer: estamos a criar dívida. E dívida, apesar de enriquecer aparentemente a curto prazo, empobrece a longo prazo; além disso coloca em causa a liberdade. Mas ainda tenho esperança, se não não andava a pregar no blog :)

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  13. Concordo contigo quanto à dimensão fictícia do crescimento e ao risco de perda de liberdade que ele acarreta.

    Mas com uma especificação, a longo prazo isso só acontece se a dívida servir para financiar projectos sem retorno de qualquer tipo.

    É isso que está a acontecer. Um caso flagrante a esse nível é o esforço financeiro que os europeus estão a fazer para manter a PAC. Esse dinheiro poderia ser canalizado para investimento e desenvolvimento (I&D) em áreas como a saúde, a energia ou qualquer outra indústria de ponta.

    Se a dívida servir para alavancar projectos industriais rentáveis tornar-se-á num meio de adquirir desenvolvimento duradouro e liberdade.

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  14. 100% de acordo; o problema ainda vai mais longe: vai ao coração da actividade do indivíduo que se endivida (através de crédito barato) para adquirir bens que não acrescentam valor (supérfluos) e que se desvalorizam mal saem da loja, tornado-se obsoletos passado um curto espaço de tempo. Todo o ciclo de marquetismo - consumismo é uma gigantesca máquina de criação de dívida.

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