quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

NA BIBLIOTECA [PORTUGUESA]

Estou sentado, ao frio, a um canto onde consegui finalmente encontrar lugar. Nessa extremidade, a parede faz-se de vidros e portas que dão lugar a salas privadas insonorizadas para, deduzo eu, projectos de investigação ou trabalhos de grupo. A janela, ao meu lado, a todo o comprimento da parede, desnuda, como num aquário, o estudo aplicado de um grupo de indivíduos. A algazarra é tão grande que, apesar da insonorização, é-me difícil concentrar pelo que, incomodado, acabo por demorar-me a observar o que se passa dentro da sala de estudo: um passa música electrónica enquanto abana a cabeça repetidamente ao som da batida; outro, de costas para mim pelo que lhe vejo o ecrã do portátil, entretém-se no Facebook; outro ainda, assobia tentando acompanhar, sem sucesso, o refrão da música, enquanto um mais afoito se levanta e, abrindo a porta para sair, grita em tom de despedida que é para a desbunda. Em seguida, juntam-se em frente de um dos portáteis para uma sessão de Gato Fedorento no Youtube, rindo entre gargalhadas. Não consigo deixar de pensar que deveria de haver uma separação entre zonas de adultos e crianças (de vinte e tal anos) na biblioteca; ou então, um curral para enfiar lá estes zurradores acéfalos. Ainda querem uns quantos impor o direito de voto aos dezasseis anos. Era o que faltava.

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