sábado, 23 de janeiro de 2010

DA EMPATIA

A subjectividade da perspectiva humana, apesar de nunca ultrapassada, é proporcionalmente minorada na exacta medida da capacidade do dito humano aumentar os seus pontos de perspectiva. Ou seja: com a capacidade de se colocar nos pés do outro. A isto chama-se empatia e é fundamental para comunicarmos e compreendermos o que nos rodeia. Uma conversa com empatia pressupõe que ouvimos, em vez de esperarmos pela vez de falar; pressupõe que o interlocutor tem valor, em vez de representar um obstáculo à nossa razão. A empatia é a chave da compreensão. Quem não tem esta capacidade para a empatia será, forçosamente, egoísta porque é alguém que nunca saindo da sua perspectiva nunca compreenderá verdadeiramente o que o rodeia, seja o outro, seja ele próprio; e daqui resulta a incapacidade de conexão emocional porque o egoísta só preza o seu desejo, o seu sentir e o seu pensar o que resulta numa necessária interiorização do sentir. Já a conexão pressupõe o oposto: a partilha, a compreensão e a exteriorização da intimidade através do sentir. E não nos enganemos: não há verdadeira partilha sem empatia porque não se pode partilhar o que não se compreende. É trágico porque, não partilhando, o humano sem empatia acaba por agonizar na sua íntima unidade, nunca se liga, nunca muda de perspectiva, nunca se realiza no outro: uma perspectiva única é, portanto, sinónimo de solidão.

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