Ode peterpantesca
A surpresa da realidade,
através de sobeja sinceridade,
não deixou de me surpreender
pela sua triste crueldade.
Talvez seja esta pequena desilusão,
uma disfarçada e inesperada bênção;
intuísse eu tamanha crueldade,
e teria esquecido a imberbe ilusão.
Não estarei arrependido, no entanto,
de perseguir o seu inocente canto;
mesmo que tenha sido só eu,
é no sonhar que está o encanto.
Sonho pequenino,
talvez próprio de menino;
sorrio para mim mesmo,
com o meu pouco tino.
Coisa boa e invejável,
Essa do desatino;
Conclusão formidável:
Não quero ser mais do que um menino.
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