domingo, 25 de abril de 2010

REVOLUÇÃO


Seria bom que o ideal romântico e utópico que nos trouxe a revolução de 25 de Abril de 1974 se estendesse à noção que a liberdade é uma conquista permanente (e perpétua) muito longe deste momento em que nos acomodamos nesta videirice peçonhenta pantanosa da pré-falência; de facto, hoje, neste país estagnado pelo peso de uma dívida contraída pelo desvario de uns irresponsáveis parasitas, uma revolução seria aquilo mesmo que seria necessário.  Uma revolução na mente, na mentalidade; uma revolta contra o socialismo pseudo-fascizante no seu marquetismo do respeitinho e do politicamente correcto e que nos atrofia a uma existência do mais ou menos, do pobrezinho, do triste fado que não nos larga. Um revolta contra o sistema do esquema do chico-esperto, dos negócios obscuros à conta dos mesmos; uma revolta contra os grilhos da mediocridade que o egoísmo individualista desta máfia dos pequeninos nos coloca prendendo-nos, roubando-nos a vida que mereceríamos, a que temos direito, roubando-nos a liberdade. Mas contenta-se o povo com cantar as virtudes da liberdade sem perceber que aqueles que mais dela falam sempre foram aqueles que contra ela mais conspiraram: hoje, tal como sempre. Mas, enfim, liberdade também pode ser isto: afinal não há maior acto de liberdade que o acto de suicídio. Fiquemo-nos nesta espécie de suicídio lento, masoquista e sem luz ao fim do túnel até ao dia do desastre e talvez aí acordemos, talvez aí nos revoltemos novamente e talvez, quem sabe, trinta e seis anos depois desse dia, voltemos a cantar outra vez. 

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