quinta-feira, 8 de abril de 2010
CONFUSÃO
Faz-me confusão (muita) o vazio emocional de algumas pessoas. Nesta era de rápida e superficial tecnologia, estes humanos agarrados aos telemóveis e aos portáteis interagem sem ter de ser cara-a-cara. E quando não é preciso dar a cara o valor da interacção decresce de imediato. O outro não é alguém perante quem nos sentimos julgados nos nossos erros ou a quem atribuímos o valor do "outro"; não, ao invés, o outro é um mero conjunto de pixeis que descartamos com um leve e displicente toque de dedo no ecrã. E nascem estes novos seres, atarefados no seu materialismo dialéctico, cheios de reuniões e afazeres muito importantes, que na penumbra da distância tecnológica são assim e na angústia do toque e do cara-a-cara são assado. Faz-me confusão. Na superfície parecem uma coisa e quando vamos a perscrutar na profundidade do seu ser afinal descobrimos serem outra. Faz-me mesmo confusão porque não percebo como podem estes seres almejar outra coisa que não a angústia permanente da ausência do outro. É que sem o outro, não há felicidade. Apenas solidão.
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Penso que a nossa sociedade tende cada vez mais para a solidão. Tudo pode ser feito ao ritmo do 'clique' sentadinho naquela mesa no canto da casa: comprar um livro, ver um filme, conversar com um amigo, trabalhar, 'passear', comprar comida num qualquer hipermercado online. Os tarifários mais recentes tornam as chamadas praticamente gratuitas, fazendo com que as pessoas telefonem e falem sem parar, sem qualquer substância.
ResponderExcluirTambém tenho pensado muito nestas matérias e, por isso, partilho as tuas 'confusões'.
Brilhante a maneira como descreveste. Simples.