Escrever é viver. À medida que a caneta rola pelo papel, à medida que a tinta vai escorrendo por páginas a fio, o tempo flui, não penso em mim, vivo o presente e gasto as angústias do meu ser numa sequência, infelizmente finita, de pequenos presentes que se perpetuam.
Pudesse eu escrever corajosamente a todo o momento, que o momento, sendo a única diomensão da minha existência, seria, igualmente, o paraíso infinito da ausência do medo e da ansiedade, emoções que só são sentidas quando, numa psicose racional e humana perdemos o nosso tempo e, ridiculamente, pior ainda: achamos que conseguimos viver fora do presente. Imaginamo-nos, e viajamos ao futuro. Lembramo-nos e viajamos ao passado. Ansiamo-nos. Entristecemo-nos. Sentimos. Ou, talvez mais correctamente, sabemos que sentimos. Porque sentirmos, sentimos sempre. E mais ainda quando disso não nos apercebemos no imediato.
Não há maior contradição do que a escrita, essa torrente de sentimentos sentidos mas disso não sabidos até serem lidos.
Que se faça o Presente de escrita sentida. E que a leitura do que escrevemos seja a lembrança do que sentimos. E o Futuro, não ansiado, aquele pequeno e breve instante que vai do momento em que tal pensamento aflora a nossa mente até aquele outro momento, imediatamente subsequente, em que tal pensamento passa a sentido latente num qualquer pequeno pedaço de papel.
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