Ode Cabanesca Amorosa
Eu corri para lá,
Corri com quantas forças tinha,
Fiz o que pude,
Fiz o que não pude,
Fiz o que não podia ter feito.
E a grande música que caía do céu,
Pingando gotas de chuva,
O Suor dos Deuses,
Diziam-me:
Corre mais;
Vai mais depressa,
Vale a pena,
Acredita.
E eu acreditei.
E corri
Com quantas forças tinha.
Mas, perguntou-me o Herético,
Porque corres tu tanto?
Para onde vais?
E eu respondi:
Porque acredito no Amor,
Porque ele me faz correr.
Mas, continuou o Herético,
Não sabes tu que o Amor é para sonhar e não para correr?
Como assim? Perguntei eu siderado com tamanha heresia.
Se o Amor te faz correr tanto é porque não é Amor, continuou ele.
Cala-te, não sejas parvo, respondi eu.
Tu é que és parvo, atirou ele com a mestria de quem sabe mais do eu.
O Amor é simples, é belo, é natural, está dentro de ti, porque hás tu de correr desalmadamente quando aquilo que procuras já tu tens?
Porque Amor e uma Cabana não chegam.
Riu ele. E que mais queres tu?
Paz.
Então pára de correr. Ela há-de aparecer quando o verdadeiro Amor chegar ao pé de ti.
Então o que é isto que eu sinto agora, Herético? Perguntei eu amedrontado com a resposta ainda não ouvida.
Não sei, meu filho. Mas não é Amor.
E eu parei.
E o Amor continuou a correr para lado nenhum.
Não era comigo.
Não era meu.
E ficou o vazio da desilusão. O engano.
Mas o Sol brilhava.
A música continuava a pingar do céu.
Os Deuses suavam.
Os espíritos abraçavam-me.
A cassete saiu.
O meu espírito elevou-se.
O Amor apareceu.
Somos todos um.
Para onde ia eu? Porque corria eu?
Não te lembras? Porque o Amor e uma Cabana não te chegavam, meu filho, elucidou-me Herético.
Estranho.
Muito estranho.
A madrasta enganou-me bem.
Amor e uma Cabana é tudo aquilo que eu quero.
simples, lindo e verdadeiro. parabéns.
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