quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013
A BOLHA
A ultra tecnologia contemporânea, por ser incompreensível o seu funcionamento ao comum dos mortais, acaba por se transformar numa espécie de mundo mágico onde os homens flutuam sem compreender bem como ou porquê. No entanto, é uma magia aparente e artificial; falsa, portanto: por detrás do palco de pixeis estão os mestres de marionetas que criam de facto a magia em que nos deixamos envolver. Desta artificialidade sobra uma bolha que, através do encanto, separa os homens da Natureza e, por conseguinte, do verdadeiro mistério da vida. Alienados do nosso lugar no Cosmos - que pela sua vastidão nos causa o sentimento da solidão - restringimo-nos àquele mundo que criámos para nós: nele nos deliciamos com o esplendor da descoberta constante do novo sem, no entanto, sairmos verdadeiramente do mesmo lugar: como hamsters numa roda rumamos a lado nenhum pois não saímos da ilusão que construimos para nós próprios. Ao mesmo tempo, separados do nosso devido lugar no Cosmos, alienados do mundo real, sobra-nos uma terrível e constante insatisfação pois nunca a verdadeira completude pode vir de nos encolhermos protegidos - separados! - do mundo. Pelo contrário: virados para dentro, perdemos a infinitude do horizonte que poderíamos, de outro modo, alcançar. Da grandeza passamos à mediocridade, da conquista à imobilidade e da liberdade à escravidão.
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