terça-feira, 29 de dezembro de 2009

SOBRE O SOCIALISMO (DITO) MODERNO

"F. é proprietário de um estabelecimento de equipamentos de escritório – mobiliário e produtos informáticos de grande consumo – numa pequena cidade do interior. Crianças e jovens em idade escolar eram os destinatários de grande parte das suas vendas. Com um empregado e o apoio da patroa na gestão administrativa, tinha a estrutura q.b. para levar o negócio a bom porto.
Há cerca de ano e meio as vendas de computadores começaram inexplicavelmente a baixar. E vieram continuamente a deslizar para os valores quase nulos de agora. Motivo: as centenas de milhares de Magalhães distribuídos gratuitamente nas escolas, em proveito exclusivo da J.P. Sá Couto.
As vendas de material informático de F. resumem-se agora a software e a pequenos componentes e equipamentos periféricos. Há 6 meses dispensou o empregado e neste ano lectivo mudou o filho de um colégio particular para a escola pública. Poupou nas propinas e ainda ganhou um Magalhães. Tem em stock alguns PCs que já são monos e que teria dificuldade em escoar, mesmo gratuitamente. Não conhece ninguém com filhos que não tenha Magalhães em casa: os que comprariam computador se não fosse oferecido e os que jamais pensaram em adquiri-lo.
Faça-se a extrapolação deste caso a nível nacional e imaginem-se os negócios destruídos, o desemprego criado pelo Magalhães e a irracionalidade pedagógica de viciar prematuramente crianças em joguinhos imbecis. Entretanto, a facturação da J. P. Sá Couto , para onde se transferiram os negócios de centenas ou milhares de PMEs, subiu em 2008 mais de 1.000%. Esta empresa não disponibiliza as contas no seu site, mas se considerarmos que o grosso das suas vendas decorrem do projecto Magalhães, isto significa, na prática, que a maior parte da sua produção é subsidiada. Ou seja, o valor acrescentado que a empresa gera (o seu contributo para o PIB) é seguramente negativo. Se a isto somarmos os empregos destruídos, o panorama é ainda mais negro.
O centralismo também passa por aqui, por uma economia crescentemente planificada, tanto mais pobre quanto mais dirigida e sujeita aos caprichos pseudo-modernistas de um 1º ministro de cariz fascizante."

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