quinta-feira, 29 de julho de 2010
VENTOINHA
A ventoinha faz o seu trabalho de forma lenta mas eficaz. Não falha. Para a esquerda e para a direita, num sinal de negação quase-eterno, o instrumento acena-nos com a sua frescura dando esperança a uma noite que parece não ter fim. É ritmada. Aparece, desaparece mas, sabemos nós, que nem o aparecimento nem o desaparecimento são coisas definitivas. Não são. A seguir a um vem o outro não podendo, por essa razão, ficar um gajo muito feliz com a frescura, porque logo de seguida ela se desvanecerá, como não pode também, na ausência da brisa temperadora, entrar em desespero porque, sabemos nós, não faltará muito para que ela retorne. É um ciclo completo. O melhor mesmo é louvar a brisa e o calor, porque sem este aquela de nada serviria, abençoados sejam, com estes podemos nós bem. Exaltemos os ciclos infinitos que, num carrossel mágico, nos levam a passear na existência universal. Viva o banal intermitente! Já o definitivo bem que pode esperar. Que se veja no acenar da ventoinha a recusa do definitivo: definitivo, definitivo, só mesmo a morte; é que essa, a cabra,, dizem-nos eles, não aparece nem desaparece, não é de intermitências: é, por essa razão, definitiva, a puta.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário