Credence Clearwater Revival, I Heard it Through The Grapevine, Cosmo's Factory (1970)
[Cover do original de Smokey Robinson & The Miracles (1966)]
quinta-feira, 30 de setembro de 2010
PONTO DE SITUAÇÃO
Evito escrever no blog grande coisa sobre este pacote de medidas apresentado pelo governo. Talvez duas coisas evidentes mas que me parecem fundamentais: primeiro, que a única razão pela qual tamanhas medidas são necessárias deve-se à profunda incompetência da governação socialista que nos colocou na situação onde estas medidas seriam inevitavelmente necessárias; segundo, tenho sérias dúvidas que sejam implementadas tal como foram apresentadas. Infelizmente, e ao escrever estas palavras contenho com força a revolta que me inunda, mais tarde ou mais cedo pior ainda virá. Este país só mudará de vida quando percebermos que não se pode viver à conta do Estado; ou melhor, poder, pode-se, mas mal.
VER ESTE SOCIALISMO MARQUETISTA E LADRÃO DÁ NISTO
"To be governed is to be watched, inspected, spied upon, directed, law-driven, numbered, regulated, enrolled, indoctrinated, preached at, controlled, checked, estimated, valued, censured, commanded, by creatures who have neither the right nor the wisdom nor the virtue to do so. To be governed is to be at every operation, at every transaction noted, registered, counted, taxed, stamped, measured, numbered, assessed, licensed, authorized, admonished, prevented, forbidden, reformed, corrected, punished. It is, under pretext of public utility, and in the name of general interest, to be placed under contribution, drilled, fleeced, exploited, monopolized, extorted from, squeezed, hoaxed, robbed; then, at the slightest resistance, the first word of complaint, to be repressed, fined, vilified, harrassed, hunted down, abused, clubbed, disarmed, bound, choked, imprisoned, judged, condemned, shot, deported, sacrificed, sold, betrayed; and to crown all, mocked, ridiculed, derided, outraged, dishonered. That is government; that is its justice; that is its morality."
Pierre Joseph Proudhon, citado em Robert Nozick, Anarchy, State and Utopia, 1974
Pierre Joseph Proudhon, citado em Robert Nozick, Anarchy, State and Utopia, 1974
quarta-feira, 29 de setembro de 2010
MAL MENOR
A propósito do post anterior. Como é evidente, mesmo que as regras de contenda argumentativa fossem respeitadas continuaria o debate eternamente. Isto porque iremos sempre discordar tanto quanto ao que existe tal como quanto ao que desejaríamos que existisse. Um debate racional, no entanto, permitiria que nos entendêssemos melhor e, pelo menos, no meio de toda a incerteza, chegássemos a melhores decisões. No mínimo, que eliminássemos aquelas que, de forma grosseiramente evidente, são más; como, por exemplo, as do actual governo e que rejeitássemos os marquetistas demagogos rastejantes que nele habitam.
AS REGRAS DO JOGO
Para que seja possível um debate livre, honesto e aberto - frutífero, portanto - é preciso que, para tal esgrima de argumentos, tal como nas batalhas, se encontre o espaço adequado a tal actividade. Nas antigas batalhas exigia-se que o campo de confronto fosse amplo, plano e desprovido de armadilhas que beneficiassem apenas uma das partes em contenda; de igual modo, numa discussão séria o espaço de debate deve ser regulamentado por critérios iguais para ambas as partes. Que critérios? Ora, os de racionalidade. Por critérios de racionalidade entende-se que:
1. Os conceitos em discussão são entendidos de parte a parte (exemplo: quando falando de liberdade ambas as partes compreendem o que cada um entende pelo termo liberdade);
2. Os dados referentes à discussão são tidos como bons e sérios por ambas as partes;
3. Os objectivos (e os respectivos meios e instrumentos que visam tais objectivos) de ambas as partes são cuidadosamente explicados focando-se o debate nas diferenças (entre os os objectivos, ou sendo estes semelhantes nas razões pelas quais os objectivos serão melhor atingidos com a solução A ou B);
4. Existe uma presunção de honra e verdade naquilo que é defendido - argumentado - por ambas as partes.
5. Finalmente, o arguente da contra-parte é irrelevante: o que interessa é o argumento apresentado.
Em Portugal passa-se o oposto:
1. Os conceitos em discussão são superficialmente abordados o que não permite que as partes sequer se definam em termos de um ponto de partida comum;
2. Cada parte apresenta os dados que lhe são mais favoráveis, muitas vezes truncados e deturpados, não permitindo que a discussão passe além de uma lamuria onde cada parte argumenta qual é a verdade (recusa-se sempre a perspectiva adversária tida como errada, falsa, mentirosa, etc.). Desta forma, ao invés de se debater o que fazer com uma realidade assumida por ambas as partes, debate-se o que é a realidade (neste ponto a falha é também da incapacidade de haver árbitros no jogo: os observadores - entenda-se os media - não são bem sucedidos a impor os elementos de realidade, apenas perspectivas superficiais, muitas vezes já preconceituosas, o que facilita a posterior deturpação, aproveitamento ou rejeição por cada parte). Este ponto é particularmente relevante pois basta uma das partes mentir descaradamente que a contra-parte vê-se na obrigação de a corrigir. Caberia ao intermediário esclarecer quem tem razão;
3. Os objectivos não são cuidadosamente definidos ou quando o são, são raramente realizáveis ficando o debate por acusações de demagogia que, sendo genericamente verdadeiras, permitem aos demagogos acusar igualmente aqueles com objectivos sérios e realizáveis de demagogia; no final são todos irresponsáveis e demagogos;
4. Cada parte conta uma verdade absoluta incompatível com a da contra-parte o que faz com que não exista confiança no jogo político; honra e honestidade são tidas como palavras do passado.
5. Finalmente, a fulanização é o cerne da questão: não se debatem argumentos, debate-se se o A ou o B é mentiroso, incoerente, ou desrespeitador. Consoante se descredibilize o arguente o argumento cai por terra; o inverso também se aplica: se A é acima de qualquer suspeita então os seus argumentos, por mais idiotas que sejam, serão bons argumentos.
Por estas razões em Portugal não existe debate político - público - racional. Nem sequer espaço público onde essa discussão racional verdadeiramente tome lugar. Mesmo nos blogues, espaços de verdadeira liberdade, a discussão faz-se constantemente de interesses disfarçados, de ideologias e preconceitos sem verdadeira capacidade de análise daquilo que é real como ponto de partida para aquilo que seria desejável. Não havendo esse debate, sobra o mundo imundo da aldrabice, do marqueting e da demagogia. É este mundo, esta triste realidade Portuguesa, que possibilita a manutenção de um Governo que mentiu e mente descaradamente, que é profundamente incompetente e responsável pela maior crise - e descredibilização - da democracia Portuguesa. No fundo, a nossa democracia não passa de um daqueles debates com venerandas figuras como o Pôncio Monteiro ou o Dias Ferreira a propósito de um lance ser ou não penalti. Ou uma discussão de miúdos, o célebre "quem diz é quem é".
1. Os conceitos em discussão são entendidos de parte a parte (exemplo: quando falando de liberdade ambas as partes compreendem o que cada um entende pelo termo liberdade);
2. Os dados referentes à discussão são tidos como bons e sérios por ambas as partes;
3. Os objectivos (e os respectivos meios e instrumentos que visam tais objectivos) de ambas as partes são cuidadosamente explicados focando-se o debate nas diferenças (entre os os objectivos, ou sendo estes semelhantes nas razões pelas quais os objectivos serão melhor atingidos com a solução A ou B);
4. Existe uma presunção de honra e verdade naquilo que é defendido - argumentado - por ambas as partes.
5. Finalmente, o arguente da contra-parte é irrelevante: o que interessa é o argumento apresentado.
Em Portugal passa-se o oposto:
1. Os conceitos em discussão são superficialmente abordados o que não permite que as partes sequer se definam em termos de um ponto de partida comum;
2. Cada parte apresenta os dados que lhe são mais favoráveis, muitas vezes truncados e deturpados, não permitindo que a discussão passe além de uma lamuria onde cada parte argumenta qual é a verdade (recusa-se sempre a perspectiva adversária tida como errada, falsa, mentirosa, etc.). Desta forma, ao invés de se debater o que fazer com uma realidade assumida por ambas as partes, debate-se o que é a realidade (neste ponto a falha é também da incapacidade de haver árbitros no jogo: os observadores - entenda-se os media - não são bem sucedidos a impor os elementos de realidade, apenas perspectivas superficiais, muitas vezes já preconceituosas, o que facilita a posterior deturpação, aproveitamento ou rejeição por cada parte). Este ponto é particularmente relevante pois basta uma das partes mentir descaradamente que a contra-parte vê-se na obrigação de a corrigir. Caberia ao intermediário esclarecer quem tem razão;
3. Os objectivos não são cuidadosamente definidos ou quando o são, são raramente realizáveis ficando o debate por acusações de demagogia que, sendo genericamente verdadeiras, permitem aos demagogos acusar igualmente aqueles com objectivos sérios e realizáveis de demagogia; no final são todos irresponsáveis e demagogos;
4. Cada parte conta uma verdade absoluta incompatível com a da contra-parte o que faz com que não exista confiança no jogo político; honra e honestidade são tidas como palavras do passado.
5. Finalmente, a fulanização é o cerne da questão: não se debatem argumentos, debate-se se o A ou o B é mentiroso, incoerente, ou desrespeitador. Consoante se descredibilize o arguente o argumento cai por terra; o inverso também se aplica: se A é acima de qualquer suspeita então os seus argumentos, por mais idiotas que sejam, serão bons argumentos.
Por estas razões em Portugal não existe debate político - público - racional. Nem sequer espaço público onde essa discussão racional verdadeiramente tome lugar. Mesmo nos blogues, espaços de verdadeira liberdade, a discussão faz-se constantemente de interesses disfarçados, de ideologias e preconceitos sem verdadeira capacidade de análise daquilo que é real como ponto de partida para aquilo que seria desejável. Não havendo esse debate, sobra o mundo imundo da aldrabice, do marqueting e da demagogia. É este mundo, esta triste realidade Portuguesa, que possibilita a manutenção de um Governo que mentiu e mente descaradamente, que é profundamente incompetente e responsável pela maior crise - e descredibilização - da democracia Portuguesa. No fundo, a nossa democracia não passa de um daqueles debates com venerandas figuras como o Pôncio Monteiro ou o Dias Ferreira a propósito de um lance ser ou não penalti. Ou uma discussão de miúdos, o célebre "quem diz é quem é".
NOVAS PALAVRAS
Belenensização, f. Acto ou efeito de belenensizar.
Belenensizar, v. t. Tornar pequeno quando atribuído a clubes de futebol. Decadência, irrelevância continuada. Tornar irrelevante, tornar limitado. Diminuição reiterada de estatuto e\ou estatura. Desaparecimento.
Exemplo prático: O Sporting está a belenensizar-se; o Sporting padece de um efeito de belenensização.
Belenensizar, v. t. Tornar pequeno quando atribuído a clubes de futebol. Decadência, irrelevância continuada. Tornar irrelevante, tornar limitado. Diminuição reiterada de estatuto e\ou estatura. Desaparecimento.
Exemplo prático: O Sporting está a belenensizar-se; o Sporting padece de um efeito de belenensização.
terça-feira, 28 de setembro de 2010
FICÇÃO
Hoje, passando por uma loja de flores, deparei-me com uma grande fila. O primeiro pensamento que me ocorreu, por um instante, foi que seria tal pouco usual fila consequência do facto de ser hoje o dia dos namorados. Ora que estupidez, de imediato percebi que tal coisa não poderia ser pois que me recordava claramente de se estar algures em Setembro. Não deixei de sorrir: mesmo que por um breve e fugaz instante eu estava fora do tempo.
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