segunda-feira, 5 de março de 2012

E O BURRO FUI EU

Andando à beira rio vejo uma gaivota deixar cair um mexilhão recém pescado. Ri-me com o desajeitado desacerto do pássaro, gozando afectuosamente com o facto de ter ela agora que se dar ao trabalho de vir abaixo para voltar a apanhar o lanche. Lá veio ela, agarrou de novo o mexilhão com o bico, elevou-se verticalmente no ar apenas para voltar a deixar cair o mexilhão. Este, ao embater violentamente no solo alcatroado, quebrou-se deixando à mostra o seu precioso conteúdo. Lá veio de novo a gaivota, poisou ao pé dos despojos e rapidamente engoliu o recheio do bivalve para logo de seguida se elevar nos ares, de papo cheio, rumo à próxima pescaria. Quanto a mim, ri-me de mim próprio, da nossa mania que sabemos tudo e que somos melhores do que os outros porque, afinal, naquela situação, perante a inteligência mestra da gaivota, o único burro era mesmo o humano.

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