sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

LA FLORIESTA NEGRA

- És uma raposa velha...
- Raposa velha? Qual quê... raposa antiga.
Rimos. O táxi continuou a rolar pelas ruas de macadame rumo ao Largo do Caldas. Entretanto, uma dúvida assaltou-me: - Mas... diz-me: fizeste a tropa nos states?
- Fiz, pois - respondeu ele com prontidão e, mantendo aquela ponta de gozo que caracterizava o seu discurso, não deixou de escapar a um certo orgulho que conferia maior seriedade àquela afirmação.
Interessei-me definitivamente pela questão: - Ah foi? Em que especialidade? - indaguei.
 - Em minas... reconhecimento de minas - respondeu. Exprimi a minha admiração e, talvez por assaltar-me a dúvida quanto à veracidade de tais afirmações permaneci calado. O motorista, atento e curioso, resolveu entrar na conversa: - Então e fazia o quê? - perguntou ele enquanto fazia uma curva mais apertada.
- Ia lá... e púnhamos uns identificadores nos lugares que nos mandavam para os aviões irem lá depois bombardear - esclareceu.
Pareceu-me demasiada acção para um recruta.
- Mas falas de bombas tu? Fizeste alguma operação especial? - perguntei antecipando uma negativa.
- Fiz pois - afirmou ele com toda a naturalidade; e acrescentou: - A do Noriega.
- Estás a gozar... Tu participaste na deposição do Noriega?? - perguntei incrédulo. Imediatamente, pleno de satisfação orgulhosa e como se fosse a coisa mais natural do mundo, declarou: - Claro.
Ri-me e calei-me. Como se a minha reacção denotasse algum cepticismo, passados uns segundos acrescentou: - Posso dizer-te o nome de código e tudo. 
Fiquei curioso: - Qual era?
- La floriesta negra

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