segunda-feira, 4 de julho de 2005

MANIFESTO DO PARTIDO SURREAL

“Pertenço a uma geração perdida e só me reencontro quando assisto acompanhado à solidão dos meus semelhantes”, diz-nos Jacopo Belbo pela mão do Umberto. Sim Umberto sem “H”.
Não sei se em 1970 a geração estaria perdida. Sei que nos anos 90 estava rasca. Não faço a mínima ideia como está nos anos... Anos quê? Anos 10? Soa-me muito mal... Nem sequer é isso. Anos 20 é de 2020 a 2030. Anos 10
vá lá ainda se admite
é de 2010 a 2020. E de 2000 a 2010? Somos a década sem número e sem nome... Somos os anos perdidos... Seremos nós os 9 meses pré-natais de um novo século?
Geração perdida...
Todas as gerações são gerações perdidas. E todas se reencontram. Porque haveremos nós de ser diferentes?

E eu, assim, me manifesto e digo basta!
Declaro morte à triste comiseração geracional.

Ninguém se encontra antes de se perder. Como se pode encontrar uma coisa que já se tinha? Andar perdido será por ventura a melhor coisa da vida.
Durante um bocado.
Andar por aí.
Dar umas voltas.
Se eu souber para onde vou não vejo bem o caminho.
Não vejo a leve inflexão para o roxo daquele específico miosótis.
Quem vai todos os dias cheio de pressa para o sítio onde sabe que tem de ir não pode reparar com atenção no leve odor a manhã que escorre todos dias pelo parapeito da nossa janela.
Seja no campo ou seja na rua buliçosa da Cidade.
Quem sabe para onde vai só quer lá chegar. E só chegar não tem piada....
Lembremo-nos de que o Caminho será sempre aquele que nós quisermos que ele seja...

Viva à geração perdida!
Viva aos heróis da Revolução eternamente adiada!

“O quê?”, questiona o abade. “O quê?!”, repete incrédulo. “Você afirma que há a possibilidade dos Essénicos, magos na arte dos medicamentos naturais, pela mão de José de Arimateia ao Lhe dar de beber por uma esponja, ter adormecido o Cristo Redentor, explicando-se dessa forma o facto do Salvador ter perecido ao cabo de seis horas de cruxificação, quando o natural seriam três dias, evitando assim o triste destino de todos menos d’Ele, em que se partiam as pernas do condenado para acelerar o processo de asfixia???”; “Como???”, encoleriza-se o abade, “você tem o desplante de colocar a hipótese do Filho não ter morrido na cruz e que se calhar a razão pela qual não se encontrava no túmulo três dias depois, ser afinal a mais natural delas todas, ou seja, Fugiu???”. O abade estava fora de si perante tamanha heresia. “Seu... Seu... Seu... Como???”. Perdia-se o abade pelos férteis e infiéis terrenos das hipóteses destapadas pelas súbitas e indesejáveis conexões mentais que lhe importunavam e empalideciam os seus bem educados neurónios... “Como se atreve?”, continuou, “Como se atreve a afirmar que a Grande Religião se baseou numa história contada duzentos anos após a morte do Salvador, assente em documentos de origem pouco documentada e escritos não se sabe muito bem por quem, sob a égide de um Imperador de Roma que visava nada mais do que a manutenção do seu nada Secular Poder?”
“Sim”, responde Herético. “A Religião é o ópio do Povo”. “É o instrumento do controlo das massas...”

Quem sabe o que realmente se passou? A História é escrita pelos Vencedores e dos Vencidos não se Rezará...
O que somos nós se não a nossa História? Se não a conhecemos ou a colocamos em causa, quem seremos nós?

“O Futuro”, responde Herético, “Seremos o Futuro...”

E assim declaro por decreto surreal o Fim da História.

Somos a geração perdida. Reescreveremos a História. Daremos voz aos Vencidos. Decidiremos o Futuro. Todo o Futuro e não apenas aquele que os Anteriores decidiram por nós.

Seremos a Voz do Novo Mundo...

13 comentários:

  1. "Não se trata de mim. Eu não sou senão aquele que transporta. Não se trata de ti. Tu és apenas o caminho que leva aos prados, ao amanhecer. Não se trata de nós. Nós somos juntos, passagem para Deus, que nos toma emprestada a nossa geração, por um instante, e dela se serve".

    Antoine de Saint Exupéry

    beijinhos e força aí nessa escrita

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  2. Cito novamente do mesmo local de onde tirei o meu último comentário, não só por ser mais cómodo fazer copy-paste, mas porque esse livro em q ando a trabalhar tem lá contido muito do que penso sobre isso da "geração perdida", e vejo que as nossas obsessões recorrentes são afinal bastante parecidas.

    "Uma colheita humana de quem tanto se esperou, que nos bancos da escola mostrava tanta inteligência e ambição, que seriam todos um dia presidentes da república, neurocirurgiões, arquitectos consagrados, que tinham tudo para se dar bem com a vida, agora ou mantinha a cabeça baixa e definhava em tédio, ou abandonava o ringue a meio da luta. Uma geração que começou a bocejar perante as luminescências vertiginosas da era digital, com o conforto asséptico e com selo de aprovação da União Europeia, que se enfadou com o sacrossanto tríptico casa-carro-família e com a liberdade encalhada entre dois rabiscos da agenda. E eu pensei, e tenho a certeza que ele também pensou o mesmo, o que é que correu mal? Seria o facto de nos terem prometido um mundo de paz, sem comunistas malévolos espreitando com as suas bombas nucleares e ginastas olímpicas de sete anos sem rosto, e do nada ter surgido um sujeito de bengala e turbante que com dois boeings transformou as nossas esperanças num gaspacho de sangue e angústias geo-políticas? Teriam sido as teorias pedagógicas dos manuais de criação de peluches humanos que exortavam os nossos pais a perguntar O que é que tu fizeste, achas que isso está correcto?, em vez de distribuírem tabefes? Ou teremos sido nós que tivemos a culpa, porque pura e simplesmente não temos estofo para aguentar tudo isto?
    (...)
    A partir do momento em que um tipo percebe que não pode mudar o mundo, concluí, mergulhado num transe melancólico, Para ele qualquer coisa serve. O grande erro foi termos nascido neste período da história, em que já não há causas para lutar. Se tivéssemos nascido há décadas poderíamos ter-nos revoltado contra o fascismo, protestado contra a guerra do Vietname; se tivéssemos estado cá nos anos trinta tu e eu teríamos sido dos primeiros a alistarmo-nos na guerra civil espanhola, a lutar pela liberdade ao lado do Orwell, do Hemmingway e tantos outros; podíamos ter gritado slogans no Maio de 68, acreditando piamente no que estaríamos a gritar. Nesses tempos ainda se cria que as pessoas comuns podiam mudar o rumo da humanidade, ainda havia quem acreditasse em causas e causas para se acreditar. Tu e eu pertencemos irremediavelmente à casta dos guerrilheiros desempregados, dos fanáticos sem uma causa.
    Quando as causas se esgotam, é cada um por si"

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  3. Em última análise, a geração está perdida porque nunca chegámos sequer a acreditar. Porque vimos os nossos pais quando tinham a nossa idade animados por ideologias e altos ideais e depois "aburguesarem-se", renegando tudo aquilo pelo qual lutaram. Somos uma geração altamente cínica, no sentido de sermos incapazes d abraçar seja q causa for sem uma ponta de cepticismo. Se não aceitamos o sistema, dificilmente vamos abertamente contra ele, tentando fazer aquilo em que acreditamos sem criar demasiadas ondas - criando um subsistema dentro do sistema.

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  4. grandes comentários sim... obrigado por participarem e pelo trabalho e tempo dispendido na leitura deste blog.

    geração perdida... mas momentaneamente. o mal daqueles que não têm causas é a imprevisibilidade dos seus actos quando aparecerem alguns poucos capazes de os motivar para a acção. cá estaremos para ver. e talvez, quem sabe, para ajudar a motivar... isto de guerrilheiros desempregados também tem segurança social...

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  5. Haas, bem vindo de volta, achei piada ao teu post e como deves imaginar não vou responder às tuas provocações sobre a Paixão de Cristo. Acho que o intuito do teu texto também não era esse... Por te conhecer e saber as lutas em que andas metido, por saber as voltas que tudo tem dado percebo o teu texto ainda que não concorde com ele. Acho que não há, nunca houve gerações perdidas, todas as gerações foram apelidadas de qualquer coisa, a geração rasca, a geração à rasca, a geração do carrega no botão.... tantos nomes... A pergunta é será que somos assim tão maus, será que a geração seguinte é sempre pior que a anterior? Pelos nomes que lhes dão isso deveria ser verdade mas então como se explica a nossa constante evolução, como se explica que o mundo vá avançando?

    Não podia ainda deixar de pôr aqui um pequeno comentário ao Pombo, isso de guerreiros desempregados tem alguma piada, é uma boa caricatura, a critica aos nossos pais também faz algum sentido mas meu caro será que não fomos nós que nos aburguesamos? Não seremos nós os guerreiros burgueses com demasiada preguiça para aceitar os desafios? É que eles continuam por ai, continua a haver causas pelas quais lutar. A pergunta que é preciso fazer é se são causas que nos interessam. É que são desafios que dão trabalho, são causas que requerem paixão e entrega e isso meu caro dá trabalho.

    Temos que deixar de ser como os engenheiros ou os cavalos e tirar as palas dos olhos, o mundo é muito maior do que aquilo que está à nossa frente, é preciso alargar as vistas e os horizontes, escolher uma luta, arregaçar as mangas e estar disposto a dar a vida por essa causa, era isso que se fazia nos tempos que tão bem descreveste. A pergunta é será que tens a coragem de te entregares assim por alguma coisa ou és demasiado burguês?

    Forte abraço

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  6. Não uso o argumento dos pais como forma de nos desresponsabilizarmos enquanto geração, ou de desculpar as nossas falhas, apenas explicação para o clima q se vive. Uma das explicações possíveis. Aliás, uma "geração" comporta muitos indivíduos com perspectivas diversas sobre o seu papel no mundo, pelo que aquilo que refiro é uma tendência geral.

    De resto, tenho alguma experiência de como funciona o chamado "voluntariado". Não falo sequer das juventudes partidárias, que oscilam entre centrais de recrutamente e endoutrinação e agências de fantoches para agitar bandeiras em comícios, ou como forma de ascensão de arrivistas e junior ass-kissers, onde se aprendem a copiar e a perpetuar os vícios dos políticos graúdos. Não falo também das associações académicas, que são uma fantochada do mesmo género.
    Falo, por exemplo, da Amnistia Internacional, da qual me afastei quando me apercebi que se gastava mais tempo em intrigas entre núcleos locais e direcção do que com o "Let's get out there and kick some asses". Os Rotários e a Maçonaria (ainda sou membro da primeira, apesar de me encontrar relativamente afastado porque considero que é mais importante dedicar mais tempo a trabalho de campo e menos a jantaradas), com intenções louváveis e meritórias, mas... Gostaria de conhecer uma pessoa que no seu intimo entrou para uma dessas organizações por amor à solidariedade entre homens (caso da primeira) ou pela liberdade, igualdade e fraternidade e vontade de praticar a virtude em observância das leis do G:.A:.U:. (caso da segunda) e não pela questão de se obterem importantes conhecimentos junto dos ricos e poderosos. E já não falo sequer na Opus Dei, arrepiante paladina da ortodoxia mais retrógada da Igreja.

    Era o José Hermano Saraiva que dizia que "o povo, sozinho, nunca foi a lado nenhum", e é pura verdade. São necessários exemplos, gente carismática e galvanizadora que consiga retirar o melhor de cada indivíduo. "Um forte rei faz forte a fraca gente", como dizia Camões. O problema é que as chamadas "elites", de onde saem os tais exemplos, encontram-se demasiado ocupadas a velar pelo seu próprio status quo.
    A questão é simples: ou se faz algo, ou não se faz. Se se fizer, e outros o fizerem também, pode ser que se chegue a algum lado; se se fizer, mas se for apenas um grão de areia minúsculo, tudo terá sido em vão. As probabilidades estão voltadas contra quem faz algo.

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  7. E depois, creio que não há ninguém minimamente bom observador que não constate que vivemos uma civilização em decadência. Provavelmente, esta era assemelha-se muito ao final do Império Romano do Ocidente.
    O capitalismo globalizado provou criar mais desigualdades gritantes do que o novo mundo de oportunidades que prometeu. A democracia moderna parece um modelo gasto, por força de uma cínica e imobilista rotatividade entre políticos em tudo iguais uns aos outros e sem qualquer capacidade de planear a um prazo mais longo do que aquele que medeia entre duas eleições. O aumento do preço do petróleo, inerente ao rápido esgotamento deste recurso natural, irá mergulhar o mundo na maior crise económica de que há memória - ao lado dela, a Grande Depressão parecerá um picnic no bosque - a não ser que se encontrem fontes de energia e suportes de matéria prima para produção em massa RAPIDAMENTE.

    Não quero estar com um discurso apocalíptico, mas o facto é que a vida está prestes a tornar-se muito complicada, incluindo para o mundo ocidental. E assim nasce o gérmen do nihismo, quando o ser humano se questiona "why bothering?"

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  8. Também não sei para onde vou...Mas sei que vou. Se o reconhecimento da doença é o primeiro passo para a cura, então eu dei o meu: Irei, só não sei para onde.
    Não me procupam os rótulos geracionais... E se olharmos as nossas costas veremos que a grande maioria deles surgiram depois dos feitos e das revoltas, ou seja, deixemos que a próxima geração se preocupe em rotular-nos como nós nos preocupámos em nomear as anteriores. Não é problema meu!
    Conheço pessoas com valor e sem ele, como em todos os outros momentos da História as houve. Talvez não tenhamos inventado a roda nem descoberto a América... Mas sempre se inventou a internet e os ficheiros em formato mp3 (ainda me debato com este mistério enquanto o meu irmão olha para o meu Walkman como eu lhava para a telefonia dos meus avós)!
    Não se fez nada de bom??? Claro que fez! Para limpar o mal anterior? Talvez! Mas não é sempre assim? Inventa-se a solução porque se tem o problema! Aliás, nós não temos problemas, nós RESOLVEMOS problemas!
    Demasiado optimista?Eventualmente! Mas o que esperavam? Deambulações alucinadas sobre o buraco negro onde cairemos? Este apocalipse sérá como qualquer outro? Não há petróleo...Ok...teremos aí uns tempos complicados, e haverá uma solução. Estes tempos serão amis complicados que os outros: claro, também nós complicámos o mundo para melhor...logo, as falhas também serão maiores!
    Não nego a minha geração nem tão pouco dela me envergonho! Deus ainda não se cruzou comigo, mas talvez um dia me faça uma aparição. Até lá..provavelmente terá mesmo fugido da cruz. E como diria o recém-por-mim-descoberto Bill: se andarmos por aí com cruzes penduradas no pescoço Ele não aparece mesmo. Já chegou morrer ali, não é preciso ver isso todos os dias no pescoço de quem passa!

    Nota Final: Caçador de Lebres: Já to tinha dito secretamente, mas agora digo-o em público: Este será para mim dos melhores textos que aqui tens. Despeço-me desejando que o debate aqui suscitado seja motivação suficiente para ires deixando a pena correr...Talvez não tanto ao sabor dos anseios, mas das aspirações. Que a arte e o engenho não te abandonem!

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  9. Hummmm… Sim sr. O tónico está levantado e o debate está lançado...
    Não podia deixar de dizer três ou quatro coisas... A nossa geração está desmotivada? Não. Não tem ideais? Tem. A questão é perceber quais. Hoje, e por isso Belbo acerta na citação que inicia o texto, o mundo ocidental vê um colectivo geracional, aquele mesmo que tentou revolucionar e mudar, aquele que idealizou e sonhou, ser substituído por um individualismo geracional. Hoje votamos naquilo que nos interessa e não naquilo que interessa à sociedade. Ideal? É o ideal antropomórfico levado às últimas consequências. Não é o Homem no centro do mundo. É o Eu!
    Já não se que mudar o mundo? Porque se haveria de querer? O sistema triunfou e ninguém se vê a viver fora dele... Mandem fora os pc’s, os telefones, as playstations ou os sistemas de gps... Vivemos hoje o período de maior riqueza da nossa História. Nunca se produziu, construiu, inventou, idealizou, transformou ou consumiu tanto!
    No meio da opulência perdemos o norte. Vendemos o sonho de um mundo melhor pelo sonho de uma vida mais confortável... Aburguesámo-nos como vocês muito bem disseram.
    É verdade. O povo sozinho nunca foi a lado nenhum. O problema hoje é que não quer ir porque acha que não precisa de ir a lado nenhum. A mudança representa sempre um medo. Hoje tem-se tanto que mudar significa correr o risco de se perder aquilo que se tem...
    O que nos falta são os vendedores de sonhos. Não daqueles que se compram no Continente ou no Shopping mas, sim, daqueles que nos levam à acção. E esses vendedores de sonhos são, como diria Nietzche, as elites de vanguarda. Os grãos de areia não se mexem todos ao mesmo tempo. Um tem de ir primeiro e os outros o seguirão.
    Grande Pombo, “as probabilidades estão voltadas contra quem faz algo”, está certíssimo. Mas está tão certo hoje quanto o esteve sempre no passado. Os grandes momentos da nossa Evolução foram sempre os mais arriscados. Muitos falharam. Poucos acertaram. Mas se não valesse apena o sacrifício ainda estaríamos a correr atrás de vacas com paus...
    Como diria Gandhi, “sê a mudança que queres ver no mundo”.
    A Democracia está afalhar? Sem dúvida, aliás duvido mesmo que o sistema que nos rege seja de facto uma Democracia. Democracia é muito mais do que poder votar... O petróleo vai falhar? Sem dúvida. O peak oil já está ultrapassado e o Bush não anda aos tiros simplesmente porque lhe apetece. Mas digo-te... Ainda bem! Que venha a crise do petróleo, que as pessoas percebam como isso as vai afectar porque tudo na nossa sociedade, desde a pastilha elástica a todo e qualquer serviço assenta no petróleo. Que venham as crises porque a seguir virão assoluções! Um Novo Mundo. Melhor. Um Novo Tempo. E que nós estejamos cá para o ajudar a moldar à Enorme medida dos nossos ideais!
    É por isso que vale pena “bothering”...

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  10. Não poderia estar mais de acordo! Os outros que nos rotulem... Ainda temos muito para dar e para criar. No Futuro veremos que resultados atingiremos nós...
    Resolvemos problemas? Exactamente. Sempre o fizémos. A questão é perceber quais os problemas que temos hoje para resolver. As energias de que nos servimos para viver, os sistemas que inventamos para nos organizarmos serão os maiores problemas que teremos sempre para resolver. Será que percebemos isso hoje? Teremos nós a visaõ para ser a geração que agarrou o touro pelos cornos e mandou este mundo para uma nova Era? Mais limpo, mais justo e mais evoluido?
    Adorei o teu comment e interiorizo a motivação que me transmites!
    Termino dizendo que enquanto bebericar na fonte do Ponto de Di, a motivaçãoe a inspiração creio que não faltarão...

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  11. "É fácil falar
    de coisas tão belas
    de frente para o mar,
    mas de costas p'rá favela", dizia um cantor brasileiro.

    Creio que nos estamos a aproximar do cerne da questão. O imobilismo deve-se a, hoje em dia, as pessoas terem mais a perder do que noutros tempos. O nível de conforto que atingimos fez de nós poltrões. A chamada "consciência de classe", caracterizada por padrões culturais, filosóficos e de pensamento político que eram próprios de cada classe social e que a opunham às outras, hoje em dia não existe. Isto porque os mass media tiveram um papel determinante de uniformização de comportamentos e quadros de pensamento. Hoje, desde o mais pobre habitante de bairro de lata ao mais rico magnata, todos partilham um mesmo pensamento: o pensamento pequeno-burguês, que se caracteriza precisamente pelo imobilismo. Lembram-se de Marx escrever que a luta de classes é o motor da história? Ele era um génio, pelo menos no diagnóstico (quanto à solução que propôs, revelou-se tão desastrosa quanto o próprio capitalismo). A luta de classes terminou porque a "burguesia" quer manter a todo o custo os seus privilégios, e o "proletariado", nas suas reivindicações, abdicou da sua vocação revolucionária: apenas exige um nivel de conforto mais "burguês".

    Será o fim da história? Talvez... O mundo dividido em 3 blocos (EUA, Europa e China) que começa a desenhar-se, as novas estratégias tecnologicamente avançadas de controlo do pensamento e dos movimentos dos cidadãos (sob pretexto da luta contra o terrorismo) fazem com que o novo mundo que começa a formar-se tenha similitudes arrepiantes com o "1984" de Orwell (será que Bin Laden éuma figura imaginária, criada pelo Estado como catalizador do ódio colectivo e pretexto para os atropelos à liberdade pessoal, tal como era o Bernstein e a sua Irmandade subversiva, em "1984"?). Isso, leiam Orwell, e não Voltaire!

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  12. Grande perspectiva sim senhor. Concordo em absoluto com o exemplo que dás de Marx. Mas deixa-me dizer-te que ainda falta para chegarmos a 1984. Alguns para lá quererão ir, sem dúvida. Mas quantos mais de nós se derem ao trabalho ( mais conhecido como "bothering")mais difícil a tarefa desses filhos de Satã se tornará... Shakespeare disse que "os cobardes muitas vezes morrem antes de morrerem". A pergunta é quantos de nós, os vivos, já estarão mortos...
    "Eu não!", exulta Herético, o Combatente. "E quem comigo gritar nem depois de morto morrerá..."

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  13. Vocês não são uma geração perdida!
    pelo que leio e a experiencia da vida diz-me que serão a geração salvadora...
    mãe

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