"O australiano Peter Trickett defende terem os portugueses descoberto a Austrália 250 anos antes do capitão James Cook e está a preparar um documentário televisivo. O autor mostrou-se convencido de que, pela experiência que já teve com o seu livro Para além de Capricórnio, em que procura demonstrar que os portugueses aportaram aquelas paragens antes do capitão James Cook em 1770, "o público em geral irá ter grande interesse". A tese da descoberta portuguesa da Austrália "tem um bom acolhimento por parte do leitor, que a aceita bem. O mesmo não acontece no meio académico, que acha que não é possível e não pode ser verdadeira, apesar das provas apontadas", disse Trickett.
Segundo defende, terá sido o navegador Cristóvão Mendonça, por volta de 1522, o primeiro português a avistar as costas australianas, quando navegava na zona por ordem de D. Manuel I, que o enviara em busca da "ilha de Ouro" citada nos relatos de Marco Pólo. Trickett fundamentou a sua afirmação em mapas portugueses que cartografaram parcialmente a Austrália no século XVI, chamando-a "Terra de Java".
Mendonça terá ancorado ao largo da actual Botany Bay, que cartografou, referindo as "montanhas de neve", dunas de areia branca que ali existiram. O estudioso menciona os cerca de 150 topónimos australianos "de clara origem portuguesa". "Que explicação se pode dar para tal?", questionou. Além dos mapas de origem portuguesa, Trickett aponta o aparecimento em mares australianos de dois potes de cerâmica de estilo português. Um datado do ano 1500, o da descoberta do Brasil por Pedro Álvares Cabral, o outro aguarda datação. Cita-se ainda a descoberta de um peso de pesca com 500 anos, em Fraser Island, no Estado australiano de Queensland.
A política de sigilo das monarquias ibéricas dos reis D. João II e D. Manuel I, e que terá encoberto o conhecimento do Brasil, foi praticada para esta "Terra de Java", a Austrália actual. Tudo aponta, seguindo Trickett, para "uma clara antecipação da descoberta da Austrália pelos portugueses, a mando de D. Manuel I na busca da ilha de ouro". Hoje, a Austrália é o 3º maior produtor mundial de ouro. Para Trickett, "a natureza humana é o que é, não aceita ter-se enganado ou dizer que errou, tanto mais quando se trata de académicos, com teses e trabalhos teóricos publicados sobre o assunto".
"É certo que dizem que a tese é errada, insustentável, mas não fizeram qualquer crítica séria do ponto de vista científico. Acham que a minha tese é difícil de combater e preferem não dizer nada de concreto", sublinhou.
O estudioso afirmou à Lusa que continua a investigar o assunto e que o seu editor projecta editar esta obra em Espanha e na Holanda, onde há uma tese que refere que navegadores holandeses terão também avistado costas australianas antes de James Cook. LUSA"
in DN 29.10.2008
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