terça-feira, 9 de setembro de 2008
segunda-feira, 8 de setembro de 2008
quinta-feira, 4 de setembro de 2008
RICARDO ARAÚJO PEREIRA, "BOCA DO INFERNO"
"Em duas páginas de entrevista, César das Neves usa cinco vezes a palavra deboche e condena o aborto, o preservativo, a homosexualidade, a masturbação e tudo o que, de um modo geral, ele calcula que possa dar prazer a alguém. Só há uma coisa que não se desculpa ao entrevistador, José Eduardo Fialho Gouveia: o facto de não ter perguntado a César das Neves qual é a marca de fósforos que usa nos seus autos-de-fé. Continuamos sem saber, e é pena.
A tese fundamental de César das Neves é esta: «o acto sexual não é só uma questão de prazer». E, se for excluida a intenção de procriar, o sexo transforma-se numa coisa mecânica, animal». A ideia de que o sexo para procirar é humano e o sexo pelo prazer é «uma coisa animal» é interessante, e a Natureza confirma-a:quais são os animais para quem o sexo serve o propósito da procriação? Raríssimos, se é que há algum. Mas quantas vezes não vimos já, no programa National Geographic, um urso a chegar à toca, cansado de um dia de trabalho, apenas para encontrar a ursa mergulhada numa banheira de espuma enfeitada com pétalas de rosa e velas a toda a volta, convidando o macho para uma noite de simples prazer animal? Tantas.
No fundo, é por causa de pessoas como César das Neves que o sexo é tão bom. Sem aquela noção de pecado, de transgressão, de malandrice perversa, o sexo teria muito menos graça. Por isso peço desculpa por dizê-lo tão cruamente, mas a verdade é esta: João César das Neves dá-me tesão. (...)"
in "Boca do Inferno", crónica "César das Neves, o sex symbol", pp 21-2
MANIFESTO CARROSSELIANO
Perdidos na noite e encontrados nas madrugadas, aos primeiros laivos do sol, ou ao primeiro sinal sonoro daquela passagem de nível, ou, pior, mau, nada bom, ao sinal sonoro daquele despertador, ou aos primeiros vizinhos que usam o elevador, perdidos nos sonhos, acordados na realidade, dura, fria ou quente, depende dos sonhos, dos pesadelos, perdidos nos sonhos desvairados, encontrados nas manhãs ansiadas.
Encheste-me de sonhos, sonhos quesntes do dia, não os sonhos frios e perdidos do luar, enches-me de esperança, afinal Índia, afinal Tailândia, afinal o mundo, fora o frio cortante de mais uma rotunda, e mais uma volta, toquem o sino, riam-se madrastos feiticeiros porque já percebi que na frieza gélida do sonho nocturno nada é menos real do que na ilusão manhosa do mundo que vocês inventaram. Mais uma rotunda, mais uma espera, bora andar de carrossel, é tão giro giro giro andar a penar para lado nenhum.
E vai mais uma volta!
Uhuhuhuhu!
É uma volta infinita, nunca mais acaba, é eterna porque sem andar para trás quando chega ao fim, chega-se ao princípio, é essa a ilusão! Vejam! Vejam bem! É essa a ilusão, nada é finito, o infinito não existe, existem esferas perdidas que quando chegam ao fim afinal vão começar a começar.
Agora rio-me eu!
Deixem-me rir!
Deixem-me esperar!
Vamos no carrossel, vamos, vamos!
É só uma viagem...
Encheste-me de sonhos, sonhos quesntes do dia, não os sonhos frios e perdidos do luar, enches-me de esperança, afinal Índia, afinal Tailândia, afinal o mundo, fora o frio cortante de mais uma rotunda, e mais uma volta, toquem o sino, riam-se madrastos feiticeiros porque já percebi que na frieza gélida do sonho nocturno nada é menos real do que na ilusão manhosa do mundo que vocês inventaram. Mais uma rotunda, mais uma espera, bora andar de carrossel, é tão giro giro giro andar a penar para lado nenhum.
E vai mais uma volta!
Uhuhuhuhu!
É uma volta infinita, nunca mais acaba, é eterna porque sem andar para trás quando chega ao fim, chega-se ao princípio, é essa a ilusão! Vejam! Vejam bem! É essa a ilusão, nada é finito, o infinito não existe, existem esferas perdidas que quando chegam ao fim afinal vão começar a começar.
Agora rio-me eu!
Deixem-me rir!
Deixem-me esperar!
Vamos no carrossel, vamos, vamos!
É só uma viagem...
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