sexta-feira, 18 de julho de 2008
E O PRÉMIO DESBLOGUEADO PARA O PIOR LIVRO DE 2007 VAI PARA...
Já tinha tido a oportunidade de ler o "Equador", romance de estreia de Miguel Sousa Tavares. Achei fraco mas com algum interesse. Não adiantou nada à minha vida, as personagens pareceram-me ocas, descontinuadas e incoerentes mas a vivacidade do relato africano permitiu-me disfrutar do romance e não dar o meu tempo como completamente perdido. No Natal passado recebi como prenda o "Rio das Flores", o segundo romance do mesmo autor e grande acontecimento mediático pois, pela primeira vez em Portugal, a sua primeira edição cifrava-se nuns módicos 100 000 exemplares. Talvez os sete meses que demorei a lançar-me no trabalho de começar a ler este segundo romance de Miguel Sousa Tavares possam atestar o pouco entusiasmo que "Equador" me transmitiu mas nada me preparou para a catacumba de inabilidade literária em que me vi enfiado nos últimos dois ou três dias em que me forcei a terminar a leitura deste segundo romance. Numa palavra: péssimo. Numa segunda palavra: fraquíssimo. Numa terceira palavra: irritante. As personagens são completamente desprovidas de profundidade, ocas e superficiais, lançadas em diálogos de uma descontinuidade e infantilidade absolutamente constrangedoras e inseridos numa narrativa que só acompanha o absoluto desinteresse literário com alguns relatos de cariz histórico, mas que nem sequer isso o são porque o autor não consegue deixar de se arrogar em mensageiro da verdade e de nos atirar à cara com aquilo que são as suas opiniões. Um narrador será sempre, pela importância que tem numa narrativa, dos desafios mais complexos que o escritor tem pela frente. Um narrador opinativo e metediço (como Saramago o consegue fazer exemplarmente) será tarefa ainda mais complexa, agora Miguel Sousa Tavares oscila de forma descontinuada e literariamente incoerente entre o narrador imparcial que conta uma história e o comentador de terça feira da TVI onde dispara atoardas sobre os momentos que não aprecia da história do século XX português, esquece por completo a imparcialidade histórica e, pior ainda, não acrescenta nada de novo ou de particularmente interessante. Se o narrador falha rotundamente, os diálogos são tenebrosos. Trocas de palavras infantis, superficiais, forçadas e pejadas de lugares comuns fazem lembrar, a espaços, as imbecis (palavra que Miguel Sousa Tavares usa e abusa na sua narrativa para qualificar tudo e nada)trocas de palavras do expoente máximo da cultura comtemporâneza portuguesa que são as personagens da telenovela "Morangos com Açúcar". Em suma, consigo perceber que a triste política editorial que parece prevalecer neste mundo moderno, controlado pela ânsia da venda e não pela qualidade literária, leve a que tanto e tão mau se publique, percebo também que se imprimam 100 000 exemplares porque o marqueting tratará de os impingir como leitura obrigatória, percebo ainda que muitos portugueses possam ir ao engano e perder o seu tempo com este livro, agora gostar dele, isso só se quisermos mesmo mesmo mesmo muito saber o que é que o Miguel Sousa Tavares pensa sobre tudo e sobre nada. Em conclusão, um hino ao ego de um comentador fatalista, do mais negativo que temos na nossa praça e uma triste amostra de capacidade literária portuguesa. Com certeza que a Oficina do Livro, que entre outras pérolas nos oferece o brilhantismo da Margarida Rebelo Pinto, não deixará de continuar a imprimir cópias deste livro, talvez um dia seja o mais vendido de sempre em Portugal, que o exportem e mostrem a esse mundo que na capacidade de publicar banalidades, nós os portugueses, não ficamos atrás de ninguém.
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Bravo!!! Não sei porquê (talvez por não gostar muito dele como comentador) mas não tinha sentido nenhum impulso para ler os livros desse senhor e quase me sentia ignorante cada vez que me perguntavam: Ainda não leste o Equador? Bom bom foi o último livro que li "A escrava de córdova" de Alberto S.Santos, além de histórico é absolutamente delicioso :-)
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