domingo, 28 de março de 2004

INSÓNIA



por VM



Vivemos sob a falsa noção de colectividade e deixamos que alguns “entendidos” escrevam a História segundo os seus pontos de vista. E afinal, aquilo que mais nos define como espécie é o que nos isola no indivíduo.

Cada mente é um Mundo.

Descobriu-se, num estudo recente, que os danos causados ao ozono do Planeta remontam às primeiras actividades agro-pecuárias da humanidade. O próprio Sol, elemento de suporte da vida, é apenas uma das 400 biliões de estrelas e, à semelhança de um ser vivo, nasce, vive e morre. Portanto vejamos: 1. somos incapazes de manter uma sustentabilidade com o ecossistema, para o fazermos teríamos de ignorar a nossa capacidade de pensar e retroceder à condição animal de colher o que a Natureza dá; 2. mesmo sendo possível esse equilíbrio, a Terra e os ecossistemas nela existentes têm prazo de validade.

Irónico não é? Foi-nos dada a capacidade de observar e processar estes dados no mesmo saco com o instinto animal de sobrevivência e proliferação da espécie. E o que fazemos? Cada um se fecha no seu mundo onde pode ser dramaturgo, encenador e cabeça de cartaz. Dão-nos um cenário e nós escrevemos a nossa peça. Cada um vive o Inferno ou o Paraíso que escolher. Somos um colectivo de indivíduos a viverem, cada um o seu filmezinho personalizado. A memória elege o que reter, os mesmos estímulos provocam efeitos diferentes em cada um e ainda ninguém me convenceu que vemos todos as mesmas cores.

Os iluminados vivem num paraíso de cores, sabores e amores, em paz com a finitude de tudo. Os pragmáticos vivem para o material, remendando as falhas do sistema temporariamente como um bypass ou um lift facial. Não param para pensar porque se pensam param. E tomam consciência de que nada é eterno e de que a importância que dão ao pormenor é muitíssimo relativa. Os depressivos infernizam-se, tornam-se insensíveis à vida, sentem-se enganados mas são eles os burlões que se inibem de sentir porque pura e simplesmente não vale a pena. A normalidade? A existir tal coisa, será um misto de tudo. Diferentes estados provocados por diferentes estímulos.

Que a mente nos proporciona ser tudo ao mesmo tempo...

Que a imaginação é na verdade uma dimensão...

Que somos eternos na nossa finitude...

É tudo uma questão de perspectiva.

Ah! E saber o que fazer para atingir o que não se sabe? Ouvir o que vem de dentro?...de momento só perguntas. Encontrei o Amor na minha viagem, confrontei o Ódio, mastiguei a Morte e questionei a Vida... hoje fecho os olhos e amanhã faço tudo de novo. Uns dias mais intensos outros mais macilentos. C’est la vie.

Nenhum comentário:

Postar um comentário